Primeira estação biológica do país vai estudar biodiversidade no Alentejo

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A ZPE de Moura/Mourão/Barrancos é local de abrigo e de reprodução de espécies emblemáticas e ameaçadas de extinção PÚBLICO (arquivo)

A primeira estação biológica do país está a ser construída na Herdade dos Guizos, em Mourão, e pretende ser um espaço privilegiado para a investigação e promoção da biodiversidade daquela região alentejana, informou hoje o promotor do projecto, o Centro de Estudos de Avifauna Ibérica (CEAI).

A estação, num antigo posto fronteiriço da Guarda-fiscal junto à fronteira com Espanha, deverá abrir no primeiro trimestre de 2009, depois de mais de um milhão de euros investidos na remodelação e adaptação do edifício.

"A ideia é inovadora na medida em que não existe mais nenhuma estação biológica a nível nacional”, salientou Carla Janeiro, do CEAI. “Existem algumas noutros países da Europa, uma delas no sul de Espanha, a Estação Biológica de Doñana", disse.

Em plena Rede Natura 2000, na Zona de Protecção Especial (ZPE) para Aves Moura/Mourão/Barrancos e no Sítio de Importância Comunitária Moura/Barrancos, a Estação Biológica do Garducho (EBG) é um projecto que visa a educação e sensibilização ambientais e a investigação sobre a biodiversidade existente na ZPE Moura/Mourão/Barrancos.

A ZPE de Moura/Mourão/Barrancos é local de abrigo e de reprodução de espécies emblemáticas e ameaçadas de extinção, como a Águia-imperial, a Águia de Bonnelli, o Grou-comum, a Abetarda, o Sisão e o Cortiçol-de-barriga-preta.

Além disso, realça o CEAI, a sua importância ecológica destaca-se também por ser um local de "ocorrência histórica do Lince-ibérico, a espécie de felino mais ameaçada do mundo".

"São três concelhos muitíssimo importantes a nível europeu pelo seu património natural", sublinhou Carla Janeiro, explicando que, a partir da estação biológica, será "muito mais fácil desenvolver acções de conservação, de educação ambiental e de investigação" sobre essa biodiversidade.

Projecto quer ajudar a dinamizar a Margem Esquerda do Guadiana

O equipamento pretende também contribuir para a dinamização socio-económica da Margem Esquerda do Guadiana, uma das mais deprimidas regiões de Portugal e da Europa.

"Queremos que a estação biológica seja visitada por todos, mas especialmente pelas populações destes três concelhos, e que seja um contributo para a dinamização sócio-cultural e socio-económica da região", afiançou Carla Janeiro.

A mesma responsável espera que a estação biológica possa ajudar, não apenas à criação de empregos, mas também à promoção de sectores como a restauração e a hotelaria, ao atrair visitantes que, depois, "podem ficar alojados e tomar as suas refeições nos restaurantes, residenciais e pensões" da zona.

A estação, cujo projecto de arquitectura pretendeu conciliar a paisagem e o uso sustentável de recursos naturais, será dotada de uma exposição permanente, interactiva e multimédia sobre os valores naturais da região, com a intervenção artística de Fernanda Fragateiro.

Uma área de trabalho técnico e uma unidade de alojamento para investigadores e visitantes são outras das valências disponíveis, num equipamento que, estruturalmente, também tem preocupações ambientais.

O fornecimento de energia eléctrica vai ser garantido por um sistema de painéis solares fotovoltaicos; as águas pluviais serão recolhidas para uma cisterna, para posterior aproveitamento. O isolamento térmico é garantido com painéis de aglomerado negro de cortiça, feitos a partir de restos daquele material, desaproveitados pela indústria corticeira, enquanto que traves de madeira de linhas-férreas desmanteladas foram utilizadas no revestimento de varandas e terraços.

O projecto da EBG foi co-financiado pelo Programa Operacional Regional do Alentejo, tendo contado também com o apoio do município de Mourão e várias empresas privadas.

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