Conflito na Ossétia do Sul provocou mais de cem mil refugiados

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A Cruz Vermelha foi uma das primeiras organizações a enviar ajuda para a Geórgia Denis Balibouse/Reuters

Mais de cem mil pessoas terão sido obrigadas a abandonar as suas casas na sequência do conflito entre a Geórgia e a Rússia na Ossétia do Sul, anunciou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), numa altura em que a comunidade internacional começa a enviar ajuda humanitária para a região.

Segundo dados divulgados hoje, com base em estatísticas apresentadas pelos dois países, cerca de 30 mil pessoas saíram da Ossétia do Sul em direcção à república russa da Ossétia do Norte, enquanto outras 12 mil fugiram de suas casas para outros pontos daquela região autónoma, formalmente parte da Geórgia.

Alguns milhares procuraram refúgio na Geórgia, juntando-se aos cerca de 56 mil habitantes de Gori, cidade georgiana na fronteira com a Ossétia do Sul, que fugiram dos bombardeamentos russos dos últimos dias.

Face a esta situação, o Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas voltou hoje a pedir aos dois beligerantes a abertura de dois corredores humanitários na Ossétia do Sul “um em direcção a Norte e outro para Sul”, a fim de permitir aos civis fugir dos combates e permitir a entrada de ajuda para os permanecem na região.

Também o Comité Internacional da Cruz Vermelha qualificou a situação vivida na Ossétia do Sul e na região fronteiriça da Geórgia como “muito grave” e anunciou o envio de material de emergência médica e água para a Geórgia, país que enfrenta graves dificuldades na ajuda às vítimas do conflito.

A organização não-governamental Save The Children alertou que milhares de crianças precisam de ajuda urgente depois de as suas famílias terem sido obrigadas a abandonar a Ossétia, enquanto a Caritas destacou a sobrelotação dos hospitais de Tbilissi, para onde foram transportados os feridos mais graves.

Entretanto, chegou hoje a Tbilissi um avião com material enviado pelo ACNUR, incluindo bidões para água, tendas e cobertores. Um segundo avião com ajuda humanitária deverá descolar ainda hoje de Copenhaga com destino à capital da Geórgia, de onde o material partirá depois em direcção à fronteira.

Os países ocidentais, aliados do Presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, anunciaram o desbloqueamento de centenas de milhares de euros para ajuda de emergência ao país e a Bulgária propôs à União Europeia a utilização do seu porto de Bourgas, no mar Negro, para o envio de apoio ao país vizinho.

Na noite de quinta-feira passada, as tropas da Geórgia lançaram uma operação para tentar recuperar o controlo da Ossétia do Sul, cercando e bombardeando a capital daquele território. Segundo as autoridades separatistas pór-russas, perto de duas mil pessoas morreram nos bombardeamentos e dezenas de milhares foram obrigadas a refugiar-se na Ossétia do Norte, república russa do Cáucaso. A Rússia enviou reforços militares para a Ossétia do Sul e, em poucos dias, não só obrigou as forças georgianas a abandonarem o território, como estendeu a ofensiva ao território do país vizinho, atacando alvos militares e civis nas imediações de Gori.

O Presidente russo, Dimitri Medvedev anunciou hoje o fim das hostilidades e aceitou um plano de paz proposto pela União europeia, mas durante a manhã registaram-se ainda bombardeamentos na região de Gori e a Rússia afirma que as tropas da Geórgia continuam a disparar contra as suas posições.

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