LNEC: ponte Beato-Montijo "preferível" a Chelas-Barreiro em segurança de operações portuárias

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A ponte Chelas-Barreiro foi hoje aprovada em Conselho de Ministros com base num estudo comparativo do LNEC João Henriques (arquivo)

A construção da terceira travessia do Tejo entre Beato e Montijo é "preferível" à ligação Chelas-Barreiro em termos de operacionalidade e segurança das operações portuárias, indica o relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), hoje divulgado.

A ponte Chelas-Barreiro foi hoje aprovada em Conselho de Ministros, com base num estudo comparativo do LNEC, que deu vantagem à opção já avançada pelo Governo, em detrimento da Beato-Montijo, proposta no estudo sobre o novo aeroporto de Lisboa, encomendado pela Confederação da Indústria Portuguesa (CIP).

O documento indica que "em termos da operacionalidade e segurança das operações portuárias (Porto de Lisboa), a ligação no corredor Beato-Montijo (túnel ou ponte) é preferível à ligação (ponte) no corredor Chelas-Barreiro". "Restrições nas manobras de acostagem dos navios ao terminal de contentores de Santa Apolónia devidas à proximidade do vão da ponte e à passagem de navios que actualmente atracaram a montante da ponte, devidas ao tirante de ar (altura do mastro da embarcação) que ficará disponível (47 metros)", são as desvantagens da solução Chelas-Barreiro na margem direita do Tejo.

Na margem esquerda do rio, segundo o relatório do LNEC, "ficará totalmente inviabilizada a operacionalidade do terminal de líquidos do Barreiro por redução substancial do espaço de manobra que lhe é adjacente, dado que os pilares da ponte estarão no interior da bacia de manobra", pelo que "a sua deslocalização será inevitável".

O tráfego marítimo para montante do canal do Montijo também sofrerá restrições devido ao tirante de ar disponível, que será de 25,8 metros.

Por estes motivos, conclui o estudo do LNEC, "a solução Ponte Beato-Montijo, desde que respeite os condicionamentos que a Administração do Porto de Lisboa vier a definir para as zonas de atravessamento, revela-se mais vantajosa do que a solução (em ponte) Chelas-Barreiro, dado que, por estar mais a montante desta, interferirá, em princípio, em muito menor grau com a navegação portuária e não obrigará à deslocalização de qualquer nas infra-estruturas portuárias actualmente existentes no Porto de Lisboa".

RAVE diz que ponte Chelas-Barreiro não vai ter efeitos na navegabilidade

O administrador da RAVE - Rede Ferroviária de Alta Velocidade, Carlos Fernandes, disse hoje que a ponte Chelas-Barreiro "não vai ter efeitos impactantes na navegabilidade", assegurando que "todo o projecto foi sendo discutido com o Porto de Lisboa e com a comunidade portuária e foram sendo introduzidas correcções à medida que os estudos foram avançando".

"O que é fundamental é a altura dos navios que podem navegar por baixo da ponte e este projecto é perfeitamente compatível com a circulação de navios no Tejo", assegurou Lusa Carlos Fernandes, afirmando que foram utilizadas "ferramentas da Escola Naútica para quantificar e medir efeitos que a ponte vai ter na navegação".

Contudo, o administrador da RAVE admitiu "casos esporádicos" de alterações nas rotas dos navios mais altos, considerando que não terão "efeitos impactantes" porque o tabuleiro da ponte ficará 50 metros acima da superfície das águas.

Os técnicos do LNEC recomendam que "se revejam com a Administração do Porto de Lisboa os valores do tirante de ar mínimo a considerar nos canais de navegação existentes - Canal de Cabo Ruivo, Canal de Samora e Canal do Montijo" e que se "determine o nível máximo da maré nas zonas de atravessamento, por forma a que se possam determinar criteriosamente as cotas mais baixas da face inferior do tabuleiro da ponte nessas zonas".

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