Mais de 900 vigilantes florestais com salário de Julho em atraso

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A rede de vigilância para detectar fogos florestais tem um total de 236 postos Paulo Pimenta/PÚBLICO (arquivo)

Os mais de 900 vigilantes contratados para detectar incêndios florestais ainda não receberam o vencimento de Julho e desconhecem quando serão pagos, uma situação confirmada pela GNR, que os contratou.

"No domingo andou por aí um sargento-chefe a anunciar que vamos receber dia 21 [de Agosto]" o vencimento referente a Julho, disse à Lusa Mário Santos, que trabalha num posto na Serra de S. Luís, na região de Setúbal, dizendo falar em nome dos colegas.

Os vigias, na sua maioria desempregados, segundo Mário Santos, haviam decidido que a partir de hoje deixariam de comunicar o surgimento de incêndios à GNR, passando a fazê-lo para o número de emergência para fogos florestais (117).

Porém, perante a promessa de pagamento, os vigilantes deixaram cair a forma de protesto.

A par do atraso no pagamento, os vigilantes que trabalham nos 236 postos de vigia a termo certo até final de Setembro também não assinaram ainda qualquer contrato, assegurou Mário Santos. O vigilante acrescentou que no caso de quem trabalha nos 69 postos da rede primária de vigilância, activada desde 15 de Maio, receberam um valor adiantado pela GNR alegadamente correspondente ao mês e meio que terminou no final de Junho, mas que Mário Santos diz não ser coincidente com o que os vigilantes contavam receber.

O ordenado "apalavrado", porque não há nenhum contrato firmado, é de 500 euros mensais mais subsídios de refeição e de turno, disse à Lusa o mesmo vigilante.

O porta-voz do comando da GNR disse que a situação se arrasta por não ter sido ainda publicado em Diário da República o despacho que disponibiliza a verba para os pagamentos aos vigilantes. "Provavelmente, voltará a ser-lhes adiantado o mês de Julho", disse o tenente-coronel Costa Cabral, adiantando depois estar "convencido" que "nos próximos dias", "talvez ainda esta semana", o problema fique resolvido.

A situação levou já a que vários vigilantes tenham desistido do trabalho, assegurou Mário Santos, dizendo conhecer "três ou quatro casos" de desistências na região de Setúbal.

O atraso levou a que os contratados dirigissem cartas ao ministro da Administração Interna e ao comando da GNR, entre outras entidades, mas da qual não receberam qualquer resposta.

A rede de vigilância para detectar fogos florestais tem um total de 236 postos, 69 dos quais entraram em funcionamento a 15 de Maio e os restantes 169 a 1 de Julho, com actividade prevista até final de Setembro.

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