Ondas de calor na Europa são mais longas do que há cem anos

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As temperaturas de Verão europeias são particularmente sensíveis ao sobre-aquecimento global Paulo Pimenta/PÚBLICO

Uma equipa de cientistas suíços da Universidade de Berna constatou que as ondas de calor na Europa prolongam-se hoje pelo dobro dos dias em relação a 1880 e que a frequência dos dias extremamente quentes quase triplicou nos últimos cem anos. O resultado do estudo foi publicado hoje no "Journal of Geophysical Research-Atmospheres".

A investigação, liderada por Paul Della-Marta, foi baseada nas temperaturas diárias registadas em 54 estações de medição desde a Suécia à Croácia.

Do estudo, divulgado na publicação da União Geofísica Americana, resulta a conclusão de que hoje as ondas de calor duram em média três dias — algumas até 4,5 dias —, quando em 1880 a média era de 1,5 dias.

Os cientistas dizem que as suas conclusões contribuem para reforçar as provas de que o clima da Europa ocidental se tornou mais extremo. Além disso, confirmam a teoria de um aumento na variação das temperaturas diárias de Verão desde o século XIX.

Estes investigadores acreditam que as ondas de calor como a de 2003 são um sinal do sobre-aquecimento global. Algo que terá começado na década de 50 do século XX.

"Estes resultados acrescentam mais provas ao facto defendido por cientistas do clima de que a Europa ocidental vai passar por alguns dos maiores impactos ambientais e sociais das alterações climáticas e que vai continuar a sofrer Verões devastadoramente quentes como o de 2003, só que mais frequentes", comentou Della-Marta, citada no site EurekAlert!, da AAAS (American Association for the Advancement of Science).

O cientista acrescenta que estes dados "apoiam os estudos de modelos climáticos que mostram que as temperaturas de Verão europeias são particularmente sensíveis ao sobre-aquecimento global".

"Devido às complexas reacções entre a atmosfera e o solo, a variabilidade das temperaturas de Verão deverá continuar a aumentar substancialmente até 2100", avança.

Esta investigação foi apoiada pelo Programa Europeu para o Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, pela Fundação Nacional Suíça para a Ciência e pelo Centro Nacional para a Excelência da Investigação Climática.

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