Teatro da Trindade apresenta "Erva Vermelha" de Boris Vian

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Segunda peça da Trilogia do Cão DR

"Erva Vermelha", uma adaptação teatral da obra de Boris Vian, encenada por Cristina Carvalhal e integrada no ciclo Trilogia do Cão, vai estrear a 13 de Outubro na Sala Estúdio do Teatro da Trindade, em Lisboa.

Este ciclo resulta da adaptação de três obras literárias que têm o cão como figura comum: "O Morto e a Máquina", "Erva Vermelha" e "Timbuktu".

"A Erva Vermelha foi uma sugestão do Bruno Bravo, da companhia Primeiros Sintomas, que me convidou a integrar a trilogia", disse à Lusa Cristina Carvalhal. "Eu li o livro de Boris Vian e fiquei fascinada com aquele universo", acrescentou.

Em palco vão estar seis actores e um desenhador, António Jorge Gonçalves, que vai desenhando em computador imagens que são projectadas para o público em tempo real. "As pessoas estão a ver o desenho e isso é jogado com os actores", referiu a encenadora, explicando que essa "mistura" cria "um universo quase de banda desenhada".

"Erva Vermelha" é a história de um homem que é engenheiro, tem um cão e constrói uma máquina do tempo para perceber onde começara o tédio em que vive. É a história de um homem decepcionado, um cão velho que mia, uma máquina do tempo, um Uapiti que se deixa caçar, e outras dezassete personagens com diferentes ideias sobre o que é a felicidade. "Há aqui uma tónica existencialista própria da época de Vian (o livro é de 1950), mas é um texto muito actual porque há esta ideia de nada ser suficiente. Queremos tudo, já, agora", apontou a encenadora.

Os actores em palco são Ana Lúcia Palminha, Flávia Gusmão, Pedro Carmo, Pedro Lacerda (que faz o personagem principal, Wolf), Sara Cipriano e Tiago Mateus. A música é de Sérgio Delgado e o desenho de luz de José Manuel Rodrigues.

Este é o quarto trabalho de encenação de Cristina Carvalhal, 40 anos, que começou a sua carreira como actriz no teatro em 1987. Como encenadora fez anteriormente "De que falamos quando falamos de Amor", de Raymond Carver, (na Casa Conveniente) "Cosmos", de Witold Gombrowicz, (no Teatro da Comuna) e "Eu Sei que vou-te amar", de Arnaldo Jabor, (no Teatro Villaret).

"Acho que a partir de certa altura começamos a ser mais exigentes com aquilo que fazemos e é muito difícil alguém vir bater- nos à porta com o projecto que gostaríamos de fazer", explicou. "A encenação aconteceu por aí, pela procura de coisas que me apetecia fazer", disse, adiantando que agora tem vontade de "pegar em textos teatrais".

A primeira peça da Trilogia do Cão, "O Morto e a Máquina", da companhia Primeiros Sintomas, estreou-se a 16 de Setembro e vai estar em palco na sala Estúdio do Teatro da Trindade até 8 de Outubro.

Depois de "Erva Vermelha" (que vai estar em cena de 13 de Outubro a 5 de Novembro) a terceira peça deste ciclo será "Timbuktu", uma adaptação do livro de Paul Auster.

Segundo Cristina Carvalhal, cada peça faz sentido se for vista individualmente, mas as três "poderão ter uma outra leitura quando vistas em conjunto".

"A Erva Vermelha" pode ser vista de quarta-feira a sábado às 22h00 e domingo às 17h00.

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