Marte fica mais brilhante à medida que se aproxima da Terra

Foto
Estas ocasiões de aproximação entre a Terra e Marte são aproveitadas pelas agências espaciais para o lançamento de missões interplanetárias NASA

Na madrugada de domingo, se o céu estiver limpo, Marte será visível com o dobro do brilho por estar a 69 milhões de quilómetros da Terra, uma distância mais curta que o normal que só será igualada em 2018.

O "planeta vermelho" aparece de dois em dois anos no céu terrestre, quando a órbita o coloca num alinhamento perfeito entre a Terra e o Sol, mas é raro estar tão próximo como na véspera do dia de finados.

Tal acontece porque uma "oposição favorável", ou seja, uma oposição com o Sol no céu terrestre que o coloca a uma distância mínima da Terra, só acontece em média de 15 em 15 anos, de acordo com os astrónomos.

Durante a última convergência entre a Terra e Marte, a 27 de Agosto de 2003, o planeta vermelho esteve ainda mais perto, a 55,8 milhões de quilómetros, mas muito baixo: nos céus da Europa e da América do Norte Marte não passou dos 34º acima do horizonte, o que dificultou a sua observação.

Este ano, para satisfação dos amadores das observações do céu nocturno, as condições serão muito mais favoráveis: Marte poderá ser visto muito mais alto no céu, a leste, a cerca de 66º acima da linha do horizonte.

Depois da oposição de 30 de Outubro, às 3h19 (hora de Lisboa), Marte voltará a afastar-se, embora o seu disco alaranjado continue bem visível durante todo o mês de Novembro, como o ponto mais brilhante do céu depois da Lua.

A passagem tão perto de Marte é uma oportunidade para observar pormenores da sua superfície.

Por estar a chegar o Inverno ao Pólo Norte marciano, começam a instalar-se nessa região grandes aglomerados de nuvens de gelo azuladas.

Segundo a NASA, estes conjuntos de nuvens poderão ser facilmente observados com um telescópio de 10 polegadas.

Há também para ver a região de Syrtis Major, zona de planaltos varrida por ventos que aparece como uma mancha escura verde debaixo das nuvens, a apontar para norte, ou a calote polar sul, formada por gelo carbónico.

Com a ajuda de um telescópio potente, pode ainda ver-se o Olympus Mons, que é o maior vulcão do sistema solar, com 27 quilómetros de altura e 600 quilómetros de diâmetro na base.

Podem também surgir tempestades de areia, visíveis mesmo com pequenos telescópios. Embora não seja esta a época, os astrónomos dizem que não é de excluir o espectáculo de uma tempestade a envolver todo o planeta.

Estas ocasiões de aproximação entre a Terra e Marte são aproveitadas pelas agências espaciais para o lançamento de missões interplanetárias.

Foi por isso que a NASA lançou em Agosto a sonda Mars Reconnaissance Orbiter, que chegará a Marte em Março de 2006.

A bordo segue a maior câmara alguma vez enviada a um planeta, a HiRISE (High Resolution Imaging Science Experiment) que, na Terra pesa cerca de 66 quilogramas. Pode obter imagens com uma resolução digital de 1200 megapixels e desde a órbita de Marte poderá observar objectos na superfície com uma dimensão de uma máquina de lavar.

Os cálculos dos astrónomos prevêem várias oposições entre Terra e Marte com distâncias ainda menores do que a de 2003, mas a primeira delas só ocorrerá daqui a 282 anos.

Sugerir correcção
Comentar