Director's Cut

O "Director"s Cut" reforça aquilo que a versão que estreou comercialmente já mostrava: que os "cultos" não se explicam cabalmente, andamos, quanto muito, a rondar à volta deles, porque se se explicar tudo muito explicadinho então temos de dizer que "Donnie Darko" se vai desenvolvendo em círculos de narrativas e de personagens sem resolver a acumulação e o que deixa para trás (não porque se recuse a fazê-lo, mas porque não o consegue fazer), que o "fantástico" é débil e sub-lynchiano (a velhota-espectro e o seu livro - que neste versão surge enfatizado), que há personagens que estão como indícios de outro(s) filme(s) que podia(m) ter sido desenvolvido(s) - a personagem de Drew Barrymore, por exemplo - e por aí adiante... E não ajuda verificar que na versão "director"s cut" Richard Kelly pôs de fora "Killing Moon", dos Echo and the Bunnymen, que estava na sequência de abertura... E no entanto, mesmo que o realizador não tenha unhas para a guitarra que se propôs tocar (isto só quer dizer que este podia ser um muito grande filme), a forma como fala da América é deveras original - com a capa de "filme fantástico" a espaços a levantar-se e a voltar depois a cobrir tudo ... E é verdade que o prenúncio de fim é um sentimento que não nos larga - pode ser uma das explicações do "culto" que este filme criou, o ter captado a sensibilidade catastrofista destes tempos. Um mistério, portanto.

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