O Presidente da República, Jorge Sampaio, considera que o procurador-geral, Souto Moura, reúne todas as condições para continuar no cargo, mas exigiu que sejam apuradas eventuais violações do segredo de justiça no processo Casa Pia.

Numa nota enviada à imprensa, após um almoço de trabalho com o primeiro-ministro, Santana Lopes, destinado a analisar o caso das cassetes alegadamente furtadas ao jornalista do "Correio da Manhã" Octávio Lopes, Sampaio sustenta que "não saem diminuídas as condições de exercício do mandato do senhor procurador da República".

O chefe de Estado sublinha que "a questão das denominadas cassetes roubadas indicia irregularidades graves", agravadas com a "ilícita publicação de transcrições de partes delas" pelo "Independente".

Nesse sentido, Sampaio julga ser necessário que sejam apuradas responsabilidades, "rápida e eficazmente", "incluindo as irregularidades imputadas à pessoa que prestou serviço na Procuradoria-Geral da República", numa referência à assessora de imprensa Sara Pina, que hoje pediu a demissão.

Jorge Sampaio e Santana Lopes estiveram hoje reunidos, em encontros distintos, com uma delegação socialista liderada por Almeida Santos, na sequência da divulgação do conteúdo das cassetes alegadamente furtadas ao jornalista Octávio Lopes.

Depois dos encontros com os socialistas, o Presidente da República e o primeiro-ministro estiveram reunidos num almoço de trabalho. Terminado o encontro, Santana Lopes limitou-se a referir que o Governo se revê e está de acordo com a posição assumida na nota de imprensa de Sampaio.

A edição desta semana do "Independente" revela excertos de conversas entre o jornalista do "Correio da Manhã" Octávio Lopes e o ex-director da Polícia Judiciária Adelino Salvado e gravações de conversas entre o mesmo jornalista e a porta-voz da Procuradoria-Geral da República, Sara Pina, onde é referido o nome do antigo secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, no âmbito do processo Casa Pia.