Presidente ruandês denuncia atitude "vergonhosa" do mundo perante genocídio

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Kofi Annan reconheceu a responsabilidade da comunidade internacional pelo que se passou no Ruanda há dez anos Sayyid Azim/AP

O Presidente ruandês, Paul Kagame, denunciou hoje mais uma vez a atitude "vergonhosa" da comunidade internacional durante o genocídio de 1994 no Ruanda. Kagame apontou directamente o dedo às Nações Unidas e à França pelo que se passou, apelando a uma reforma da organização sedeada em Nova Iorque.

"As forças da ONU de manutenção de paz estiveram no Ruanda até pouco antes do genocídio", afirmou Kagame no discurso que marcou o início da principal cerimónia do décimo aniversário do massacre de Kigali.

"Esta presença deu à população a ideia de que não se deviam preocupar porque, se alguma coisa acontecesse, eles estariam lá para os salvar. O que se passou foi uma vergonha", sublinhou o Presidente.

Uma missão de manutenção de paz da ONU (Minuar) foi destacada para o Ruanda no momento do genocídio, mas não foi capaz de evitar o massacre que provocou a morte a mais de 800 mil pessoas segundo os números das Nações Unidas.

"Esperamos e rezamos para que o sistema das Nações Unidas seja reforçado", sublinhou Kagame."Quanto aos franceses, o seu papel no que se passou no Ruanda é evidente. Eles armaram e treinaram conscientemente as tropas governamentais e as milícias que cometeram o genocídio e sabiam que eles iam cometer o genocídio", acusou o chefe de Estado.

A França é acusada de ter apoiado militarmente, mesmo depois dos massacres, o regime hutu extremista no Governo, que planeou o genocídio.

Kofi Annan reconhece responsabilidade da comunidade internacional

Num discurso perante a Comissão dos Direitos Humanos em Genebra, o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, reconheceu hoje a responsabilidade da comunidade internacional pelo que se passou no Ruanda há dez anos. A França, por seu lado, refutou todas as acusações que lhe são imputadas.

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