O Movimento para a Democracia (MpD) venceu as eleições autárquicas em Cabo Verde, já que foi a força que conquistou o maior número de câmaras municipais. Apesar disso, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), do primeiro-ministro José Maria Neves, assumiu-se como o que teve mais votantes, numa eleição em que a abstenção teria ficado acima dos 50 por cento.

Embora não haja ainda números definitivos do escrutínio realizado no domingo, é quase seguro que o MpD, do antigo primeiro-ministro Carlos Veiga, e hoje liderado por Agostinho Lopes, é a força política que conseguiu conquistar o maior número de câmaras. Dos 17 municípios existentes no país, deve ficar com nove, fora o facto de ter apoiado dois grupos independentes que venceram as eleições na ilha do Sal e no concelho da Ribeira Grande, na ilha de Santo Antão.

O Mpd conquista, pela primeira vez, a segunda ilha do país, São Vicente. Também nessa ilha conseguiu eleger a primeira presidente de município de Cabo Verde, a farmacêutica Isaura Gomes. Paul, Porto Novo, São Nicolau, Boa Vista, Maio e, na ilha de Santiago, os concelhos de São Domingos, São Miguel e Tarrafal, são as outras câmaras obtidas pelo MpD, ainda que no caso do Porto Novo, em Santo Antão, se esteja ainda a recontar os votos, uma vez que apenas 64 separam aquele partido do PAICV.

Este, por seu turno, passou de sete para seis câmaras municipais. Das quatro cidades existentes no arquipélago, mantém a supremacia em três, Praia, São Filipe e Assomada. O PAICV continua a dividir com o MpD os seis concelhos de Santiago, a maior e mais importante ilha de Cabo Verde, nomeadamente Praia, Santa Cruz e Santa Catarina. O PAICV continua também a ser senhor absoluto nos dois concelhos da ilha do Fogo (São Filipe e Mosteiros) e na ilha Brava.

Em termos de balanço, enquanto para o MpD conta o facto de ser hoje o partido político com maior número de câmaras, o PAICV salientar ser o partido que continua a ter o maior número de eleitores. Segundo o primeiro-ministro e presidente do PAICV, José Maria Neves, se as eleições legislativas fossem hoje o seu partido venceria com maioria absoluta.

O MpD tem opinião diferente, até porque acredita que a situação da Praia não se encontra de todo clarificada, uma vez que tem várias reclamações quanto à transparência do processo eleitoral nesse concelho, bem como em São Filipe. Agostinho Lopes não descarta, inclusive, a possibilidade de impugnar as eleições na Praia.

As autárquicas de domingo ficaram marcadas por uma elevada abstenção, que deverá situar-se acima dos 50 por cento, e por uma intensa disputa política entre o MpD e o PAICV, o que praticamente veio baralhar as cartas neste arquipélago. De tal modo que José Maria Neves não deve deixar de remodelar proximamente o seu executivo, a fim de o relançar até 2006, ano de eleições legislativas.