PS endurece posição sobre incêndios

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Ferro Rodrigues Andre Kosters/Lusa

O PS está a endurecer a sua posição face à actuação do Governo na questão dos incêndios. "As explicações já dadas pelo Governo sobre a diferença entre a situação deste ano e a do ano passado são claramente insuficientes. A meteorologia não explica tudo", disse ao PÚBLICO o secretário-geral dos socialistas, Ferro Rodrigues, que ontem percorreu áreas ardidas do Algarve, onde, segundo acrescentou, ouviu dos bombeiros muitas queixas sobre alegadas "faltas de meios" para combater os fogos.

O líder socialista tenciona, segundo acrescentou, participar na próxima quinta-feira na reunião da comissão permanente da Assembleia da República convocada, por iniciativa do PS, para discutir, precisamente, a questão dos incêndios. Falando à Lusa, Ferro Rodrigues defendeu a criação urgente de um programa de relançamento económico para os concelhos mais atingidos pelos incêndios.

Hoje à tarde darão mais um passo na sua ofensiva sobre o Governo. Vieira da Silva, responsável do secretariado nacional do PS pelo pelouro da Organização, convocou para a Sertã uma reunião com autarcas municipais e deputados socialistas dos concelhos atingidos pelos fogos. Vieira da Silva disse ao PÚBLICO que um dos objectivos é "fazer um balanço do que correu bem e do que correu mal" na questão dos incêndios - sendo que na opinião deste dirigente "quase nada correu bem".

Segundo Vieira da Silva - que também participará na reunião parlamentar de quinta-feira - "faz cada vez menos sentido que os partidos se mantenham fora" do debate já iniciado sobre as razões que levaram o problema dos fogos a atingir este ano a dimensão que atingiu. "E começa - acrescentou - a ser tempo de fazer também um balanço da actuação do Governo."

Por outras palavras: para a direcção do PS terminou o tempo do "consenso" com o Governo sobre os incêndios, consenso esse defendido há cerca de uma semana por Ferro Rodrigues. Nessa altura o líder socialista considerou que não era altura para "fazer política". Vieira da Silva explica: "Nessa altura a principal preocupação era apoiar quem estava no terreno." Entretanto a situação evoluiu, fez-se um debate a que "a comunicação social deu um grande eco", e o PS evoluiu também.

Na reunião da Sertã a direcção nacional do PS quer fazer, recorrendo às informações dos autarcas e deputados um balanço sobre a área já ardida. Mas não só. Pretende também apurar o que foi destruído em termos de "potencial de desenvolvimento" das zonas atingidos. "Há concelhos cujo potencial de desenvolvimento foi totalmente reduzido a zero", disse ao PÚBLICO Vieira da Silva. Ou seja: o PS diz que não pretende avaliar somente as consequências imediatas da destruição de vastissimas áreas de floresta. Pretende também avaliar as consequências a médio e longo-prazo dos incêndios para o desenvolvimento das zonas ardidas.

AS FRASES

"As explicações já dadas pelo Governo sobre a diferença entre a situação deste ano e a do ano passado são claramente insuficientes. A meteorologia não explica tudo."


Ferro Rodrigues, secretário-geral do PS


"Faz cada vez menos sentido que os partidos se mantenham fora [do debate sobre a questão dos incêndios]" Vieira da Silva, membro do secretariado nacional do PS

"Começa a ser tempo de fazer também um balanço da actuação do Governo." idem

"Quase nada correu bem." idem

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