Antiga Oliva em risco devido à falta de compradores

Volvidos três anos da sua constituição, a Olivacast continua com um futuro incerto. "À medida que o tempo passa, a Olivacast fica mais fraca, porque está a viver sozinha há três anos, sem crédito bancário e sem apoio de ninguém", explicou ao PÚBLICO Rogério Fernandes, administrador da empresa que nasceu da dissolução da antiga Oliva - Indústrias Metalúrgicas.

"É uma empresa de ninguém", reforçou o gestor, garantindo que desconhece "o dono da empresa". A Olivacast "não tem um accionista de referência", e "o Estado, que tem uma penhora sobre a empresa, até agora, não tem ajudado muito", queixou-se.

A fundição chegou a ter, pelo menos, dois empresários interessados na sua compra, mas que acabaram por desistir do negócio. O grupo Suberus, que, no âmbito do desmembramento da Oliva, comprou a Fábrica Nacional de Tubos, mostrou-se interessado mas desistiu, porque a Olivacast "vale zero", explicou à Lusa o administrador Manuel Bastos. Depois de ter ponderado adquirir a fundição por 7,5 milhões de euros, o grupo "só está aberto a negociações partindo do zero".

A outra empresa interessada a Durit, de Albergaria-a-Velha-, também se afastou do processo. "As actuais circunstâncias conjunturais não aconselham ao investimento", explicou à Lusa o administrador Flausino Silva. A desistência já foi comunicada à Gestínsua, sociedade que detém os créditos da empresa de S. João da Madeira.

A Gestínsua controla o património mobiliário e imobiliário da denominada "zona 1" do perímetro industrial da velha Oliva, onde funciona a "Cast". Com essa operação, tornou-se então credora de 7,8 milhões de euros, sendo a Gestínsua detida em 51 por cento pelo Estado, em cerca de 30 por cento pela banca, estando o restante capital disperso por mais de 400 credores. A assembleia geral da sociedade reúne-se amanhã correndo a informação de que na ordem de trabalhos poderá estar a aceitação, por parte do Estado, de uma proposta de venda do crédito com um "desconto substancial", mas que o administrador da Olivacast não confirma.

No exercício transacto, a Olivacast viu as vendas caírem 5,7 por cento para 11 milhões de euros, sendo penalizada pela quebra da ordem dos 35 por cento das encomendas vindas da Alemanha, que deixou de ser o principal cliente da Olivacast, dando o lugar à Espanha. Mesmo assim, a empresa conseguiu reduzir os prejuízos de 2,184 milhões de euros em 2001 para 1,569 milhões. Redução esta que, conforme explicou o administrador, foi feita à custa de um intenso "trabalho na estrutura de custos e no pessoal" que foi reduzido em sete por cento para um total de 316 trabalhadores.

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