EUA acusam formalmente cinco responsáveis do grupo Abu Sayyaf

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Os EUA enviaram para as Filipinas mil soldados para ajudar o Exército do país a capturar os rebeldes islamitas Conrado Maralit/AFP

O Departamento de Justiça norte-americano anunciou hoje ter acusado formalmente cinco responsáveis do grupo rebelde filipino Abu Sayyaf por crimes relacionados com a tomada de reféns, incluindo o sequestro de um missionário norte-americano, que acabou por ser morto no mês passado.

Em conferência de imprensa, o adjunto do "attorney general" (cargo equivalente ao ministro da Justiça) afirmou que um grande júri federal entregou acusações contra cinco responsáveis do grupo rebelde filipino por alegadamente terem planeado o rapto de três cidadãos norte-americanos e de 17 filipinos em Maio do ano passado.

Caso os acusados sejam capturados pelos soldados dos EUA mobilizados nas Filipinas, deverão ser extraditados e apresentados à justiça americana. Khadafi Abubakar Janjalani, IsnilonTotoni Hapilon, Aldam Tilao, Jainal Antel Sali e Hamsiraji Marusi Sali são os nomes dos cinco responsáveis do Abu Sayyaf — grupo integrado na lista de organizações terroristas do Departamento de Estado — que os EUA querem julgar.

Os militantes são acusados de conspiração resultante em homicídio, tomada de reféns e tomada de reféns resultante em homicídio. Caso venham a ser condenados, os cinco filipinos podem ser condenados à pena de morte, revelaram fontes do Departamento de Justiça.

"Com as acusações apresentadas hoje, os EUA pretendem enviar uma mensagem que estamos a localizar e perseguir todos os que cometeram bárbaros actos de terrorismo contra americanos, tanto aqui, no país, como no estrangeiro, afirmou o adjunto do "attorney general", Larry Thompson.

"O Departamento de Justiça compromete-se a trabalhar com o Governo das Filipinas para levar os líderes do Abu Sayyaf perante a justiça", acrescentou.

Cerca de mil soldados norte-americanos, incluindo membros das forças especiais, foram enviados para o Sul do arquipélago para ajudar o Exército filipino a localizar e capturar os membros da guerrilha que há décadas luta pela criação de um Estado islâmico no Sul do país. Para financiar as suas actividades, o grupo dedica-se à prática de sequestros, com vista à obtenção de resgates.

As acusações divulgadas hoje são semelhantes a uma acusação feita em Fevereiro deste ano, mas mantida em segredo. Segundo Larry Thompson, a primeira acusação não chegou a ser divulgada para não pôr em perigo a vida dos reféns em poder do grupo rebelde.

No entanto, a situação alterou-se com uma intervenção do Exército filipino, no início de Junho, para tentar libertar os reféns. Durante a operação, o missionário Martin Burnham foi morto, mas os soldados filipinos conseguiram libertar a mulher. Uma enfermeira filipina, que estava também refém dos rebeldes, foi morta durante os combates. Na sequência destes desenvolvimentos, as duas mortes foram acrescentadas à acusação inicial.

A morte do missionário norte-americano aconteceu um ano depois de um outro cidadão dos EUA, Guillermo Sobero, ter sido assassinado pelos rebeldes.

Os EUA afirmam que os rebeldes islamitas do Abu Sayyaf têm ligações com a rede terrorista Al-Qaeda, liderada pelo milionário Osama bin Laden, oferecendo cinco milhões de dólares por informações que possam conduzir à detenção dos comandantes do grupo rebelde.

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