Reacções de tristeza, horror e cólera pela morte do jornalista Daniel Pearl

A confirmação do assassinato do jornalista norte-americano Daniel Pearl provocou uma onda de reacções de dirigentes e organizações internacionais. "Tristeza", "horror" e "cólera" - nas palavras do Presidente dos EUA - são as expressões mais usadas depois de o visionamento de uma cassete de vídeo em Carachi, no Paquistão, ter mostrado a decapitação brutal do correspondente do "Wall Street Journal". Alguns partidos políticos legais paquistaneses classificaram o acto como "anti-islâmico".

Pouco antes de deixar Pequim, George W. Bush confessou-se "entristecido e encolerizado" com a notícia da confirmação da morte do jornalista, classificando o acto como "criminoso e bárbaro".

Ontem, uma cassete de vídeo com uma gravação de três minutos - enviada para o consulado dos EUA em Carachi, sul do Paquistão, por um jornalista que, segundo a AFP é uma fonte próxima do FBI - mostrou aquilo que se temia. Daniel Pearl, de 38 anos, foi decapitado num local ainda desconhecido. O jornalista procurava entrevistar um dirigente radical islamista quando caiu na cilada dos seus raptores em Carachi.

O Presidente paquistanês, Pervez Musharraf, exprimiu também a sua "profunda tristeza" pelo sucedido e fez um apelo às autoridades competentes "para prender todos os elementos envolvidos neste horrível assassinato".

O mundo dos media, por seu lado, garantiu a sua intenção de continuar a informar.

O "Wall Street Journal", que ontem anunciou a morte do seu correspondente em Bombaim, na Índia, sublinhou que "os assassinos pensam que vão desencorajar os jornalistas norte-americanos de fazerem o seu trabalho", mas "vão descobrir que estão enganados".

O "New York Times", por seu lado, qualificou o assunto como um "acto sem sentido" e garantiu que os seus trabalhos de investigação e informação "continuarão, apesar desta morte". "Os raptores não fizeram mais do que sabotar as suas causas, com os seus actos", refere o "Times".

Em Paris, a organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF) exprimiu o seu "horror e revolta" e exortou as redacções a "não abandonarem os locais considerados perigosos sobre os quais agora, mais do que nunca, é preciso dar informações".

O secretário-geral, da ONU, Kofi Annan, a China, a França e a União Europeia também manifestaram sentimentos de tristeza e consternação pelo sucedido.

Sherman Oaks, familiar do repórter, afirma que "a morte sem sentido de Daniel ultrapassa qualquer tentativa de entendimento". A mulher, Marianne, também ela jornalista em Bombaim, desde o início de 2000, ficou grávida do marido há sete meses.

Partidos islamitas paquistaneses indignados com a morte de Daniel Pearl

Os partidos islamitas legais paquistaneses apressaram-se a manifestar o seu distanciamento do caso. A mais radical das formações, o Jamiat Ulema-i-Islam (JUI), que fez apelos de apoio aos taliban afegãos, condenou o "assassinato brutal de um homem inocente", um acto que "vai contra os princípios do Islão".

O JUI pede agora às autoridades para capturarem os responsáveis para lhes ser aplicada "uma pena exemplar". Riaz Durrani, porta-voz do JUI, em declarações à AFP, referiu-se ainda à situação na Palestina e à morte de "milhares de inocentes no Afeganistão" para dizer que "enquanto o Governo americano mantiver a sua política de dois pesos e duas medidas, estes raptos vão continuar".

O principal partido fundamentalista, o Jamaat-i-Islami (JI), que também condenou este "acto trágico", disse à agência francesa que "Pearl era inocente e que apenas fazia o seu trabalho".

Shah Ahmed Noorani, líder do Jamiat Ulema-e-Pakistan (JUP, fundamentalista moderado) acrescentou que "aqueles que usam o nome do Islão para fazer isto não prestam qualquer serviço à causa islâmica".

Sugerir correcção
Comentar