Fernando Gomes pode ter maioria absoluta

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Se as eleições para a Câmara do Porto fossem hoje, o candidato do PS obteria uma clara maioria absoluta e a CDU perderia o único vereador que actualmente tem na autarquia Público

Fernando Gomes parece continuar em alta junto do eleitorado portuense, apesar de ter abandonado a presidência da câmara para ingressar no Governo de António Guterres e das peripécias em que se envolveu no seu regresso à cidade do Porto. Segundo uma sondagem da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1, se as autárquicas de 16 de Dezembro fossem hoje, o candidato socialista obteria 54,7 por cento dos votos, ou seja um resultado semelhante ao obtido nas eleições de 1997, quando atingiu 55,8 por cento e conseguiu então eleger oito dos treze vereadores da Câmara do Porto.

Ainda de acordo com o mesmo estudo, Rui Rio, candidato da coligação PSD-CDS/PP, obteria 32,1 por cento dos votos, cerca de seis pontos a mais do que o conseguido pelo o general Carlos Azeredo, que encabeçou também a lista de uma coligação precisamente com os mesmos partidos nas eleições autárquicas de 1997. Quando o PSD concorreu sozinho pela última vez, nas autárquicas de 1993, António Taveira obteve 25,6 por cento dos votos, enquanto Nuno Morgado, então cabeça de lista do CDS/PP, atingiu os 4,8 por cento. Rui Rio - cuja candidatura passou ao lado da distrital do Porto do PSD, liderada por Luís Filipe Menezes - poderá vir a fazer, assim, a 16 de Dezembro, um resultado melhor que os do centro-direita na última década.

Ao contrário de Gomes e de Rui Rio, o candidato apoiado pela CDU, o comunista Rui Sá, surge nesta sondagem com 5 por cento das intenções de voto, ou seja, bastante aquém dos resultados obtidos por Ilda Figueiredo nas autárquicas de 1997. Então, a candidata comunista obteve 11,3 por cento dos votos. Estes estudos sobre as intenções de voto costumam, no entanto, subavaliar os resultados da CDU. Só que, ao contrário de 97, os comunistas têm agora o Bloco de Esquerda (BE) a disputar uma parte desta área política. Nesta sondagem, João Teixeira Lopes, que encabeça a lista do BE, surge com 3,5 por cento das intenções de voto. Refira-se que a soma das votações da UDP e do PSR - os dois partidos-base do BE - não ultrapassou os 1,5 por cento nas autárquicas de 1997.

Utilizando os resultados desta sondagem e aplicando-lhes o método de Hondt, chegou-se à conclusão de que o próximo executivo camarário poderá vir a ser muito semelhante ao actual, que é composto por oito representantes do PS, quatro da coligação PSD-CDS/PP e um da CDU. Feitas agora as contas, o PS manteria os seus oito membros na vereação e o PSD passaria a ter cinco, perdendo os comunistas um vereador.

A vantagem de Gomes, embora seja elevada, é menor do que noutras sondagens. Em Outubro, um estudo da Euroexpansão para o semanário "Expresso" dava a Gomes 66 por cento e a Rui Rio 29 por cento, após a redistribuição dos indecisos. Olhe-se também para a abstenção: na sondagem sobre Lisboa que o PÚBLICO divulgou na semana passada, a percentagem de inquiridos que diziam não ir votar era de 10,6 por cento; agora, neste estudo sobre o Porto, é de 16,9 por cento. Com esta vantagem de Gomes sobre Rio é natural que alguns dos potenciais apoiantes do candidato socialista dêem a vitória como adquirida, não indo votar a 16 de Dezembro, o que tenderá a diminuir o resultado do ex-ministro. De resto, já nas autárquicas de 1997 aconteceu o mesmo, com Gomes a ser penalizado pela elevada taxa de abstenção então verificada.

Nuno Cardoso em alta

Um dos aspectos mais curiosos deste estudo da Católica é o que se refere à avaliação da actuação de Nuno Cardoso como presidente da câmara: globalmente, essa actuação é maioritariamente classificada como positiva. Cerca de 9 por cento diz mesmo que a gestão de Cardoso é muito boa, 39 por cento refere que foi boa e 37,4 por cento classifica-a como nem boa nem má. Refira-se que só 2,8 por cento diz que foi má e 1,7 por cento muito má. Estes números permitem concluir que a actuação de Cardoso é considerada superior à de João Soares na Câmara de Lisboa, de acordo com a sondagem da semana passada. E poder-se-á mesmo colocar a questão sobre quem sairia vencedor a 16 de Dezembro próximo na cidade do Porto se Nuno Cardoso tivesse avançado com uma lista de independentes, como chegou a admitir. Mas também poderá ter contribuído para esta avaliação positiva da gestão de Cardoso o facto de ele já estar fora da corrida eleitoral.

Droga à frente das preocupações

A droga e a criminalidade são os problemas que os portuenses consideram mais graves, de acordo com a sondagem da Universidade Católica, à semelhança, de resto, do que o estudo divulgado na semana passada sobre Lisboa também apontava. Na classificação das preocupações dos portuenses, logo a seguir surgem o trânsito e o transtorno causado pelas obras, que em Lisboa surgia em penúltimo lugar. Pelo contrário, os lisboetas apontavam a falta de habitação como uma das questões mais graves, enquanto no Porto esse problema é apenas referido por 15 por cento dos inquiridos.

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