A Lua nasceu violentamente da Terra há 4500 milhões de anos

Foto
Depois de um choque interplanetário, a Lua foi-se separando aos poucos da Terra NASA

Trinta e dois anos depois do homem ter pisado a Lua, comemorados a 20 de Julho, é confirmada uma das teoria sobre a sua origem: uma gigantesca colisão entre um corpo idêntico a Marte e a Terra fez nascer a Lua, e esse cataclismo interplanetário não terá ocorrido durante o processo de formação da Terra, mas já no final, há 4500 milhões de anos. Sendo assim, a Lua é mais nova do que se pensava - foi a esta conclusão a que chegaram dois cientistas norte-americanos, cujo trabalho é publicado na última edição da revista científica "Nature".

Robin Canup (do Instituto de Investigação do Sudoeste, em Boulder, Colorado) e Erik Asphaug (da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz) criaram um modelo em computador de alta resolução para reconstituir a origem da Lua. Trata-se de uma simulação refinada a três dimensões. Deste modo, os cientistas conseguiram reproduzir os efeitos termodinâmicos da colisão cataclísmica, além das interacções da força de gravidade. E chegaram à conclusão de que a Lua, afinal, não tinha nascido de um parto prematuro. Mas, tal como se propôs pela primeira vez nos anos 70, a Lua é mesmo filha da Terra. A origem da Lua sempre intrigou os cientistas. Ficando a 384.400 quilómetros de distância média da Terra, o núcleo da Lua ter-se-á despegado do nosso planeta há cerca 4500 milhões de anos. Os bocados que saíram à força da Terra e formaram a Lua revelam que existe uma composição mineral semelhante entre os dois corpos - o que não só fascinou, como intrigou a comunidade científica desde que as missões Apolo trouxeram 382 quilos de rochas lunares para a Terra, entre 1969, quando Neil Armstrong lá pôs os pés, e 1972. Baseados nessas amostras, os cientistas defenderam a teoria de que alguma coisa do tamanho de Marte colidiu violentamente com a Terra.
Não há muito tempo, em 1999, dados recolhidos pela sonda norte-americana Lunar Prospector confirmavam de que o núcleo da Lua teria sido feito de parte da Terra. Esse dados indicavam que o núcleo lunar representa menos de quatro por cento da massa total da Lua, o que é muito pouco em comparação com o núcleo de ferro da Terra, que representa cerca de 30 por cento da massa total do planeta. Se a Lua e a Terra se tivessem formado a partir da mesma nuvens de poeiras e rochas, de onde nasceram os planetas do sistema solar, então o tamanho do núcleo da Lua teria de ser proporcional ao da Terra. Não é o caso.
Agora, coube a Robin Canup e Erik Asphaug voltar a confirmar esta teoria. O mais curioso é que, segundo o modelo agora elaborado, a formação da Lua foi muito rápida. "O processo completo, desde a colisão até à formação da Lua, demorou menos de 100 anos - um tempo quase inconcebivelmente curto em termos planetários", disse Canup à agência Reuters.
Mas as revelações não se ficam por aqui: o ângulo oblíquo em que ocorreu a gigantesca colisão - à volta de 40 graus - fez com que a Terra começasse a rodopiar muito mais depressa do que hoje. Por causa disso, um dia no nosso planeta era verdadeiramente estranho naqueles tempos: não durava as actuais 24 horas, mas apenas cinco. Depois do choque, a génese da Lua começou a afastar-se da Terra alguns centímetros por ano. À medida que se foram distanciando uma da outra, o movimento de rotação da Terra foi abrandando até à velocidade que tem agora.
Além desta sofisticada simulação tridimensional, que dá uma explicação plausível para a composição e órbita tanto da Terra como da Lua, esta esconde outras novas: sabia que os nomes dos navegadores Vasco da Gama e Fernão de Magalhães estão imortalizados em crateras, que podem ser vistas através de um pequeno telescópio? Os argonautas exploraram primeiro os mares da Terra e, mais tarde, os cientistas descobriram os mares da Lua. A filha da Terra é, assim, uma "lua cheia" de surpresas.

Sugerir correcção
Comentar