Nas eleições para o CDS-Porto havia militantes do PSD inscritos para votar

Movimento Alternativa e Responsabilidade pede que sejam apuradas responsabilidades. Cecília Meireles perdeu eleição para Fernando Barbosa.

Assunção Cristas, CDS - Partido Popular, partido político
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Cecília Meireles perdeu a corrida à distrital do Porto Miguel Manso
Assunção Cristas recusou-se a comentar polémicas  que envolveram eleições.
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Assunção Cristas recusou-se a comentar polémicas que envolveram eleições. Adriano Miranda
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Cristas viu a sua vice-presidente sair derrotada dro Daniel Rocha

Os cadernos eleitorais de Gaia usados nas recentes eleições para a nova comissão política distrital do Porto do CDS, que deram a vitória a Fernando Barbosa, continham nomes de militantes que também estão inscritos nos cadernos eleitorais do PSD-Porto, que vai ter eleições para a distrital no dia 30 de Junho.

Fonte da candidatura da deputada Cecília Meireles, que perdeu para Fernando Barbosa, disse ao PÚBLICO que os militantes que têm dupla filiação partidária encontram-se inscritos nos cadernos eleitorais da União de Freguesias de Sandim, Olival, Lever e Crestuma. Os militantes em causa têm o mesmo nome, a mesma morada e o mesmo número de telemóvel nos cadernos eleitorais dos dois partidos. E a questão também se repetirá no concelho da Trofa. Não se trata, em nenhum dos casos, de filiações novas. 

Acresce o facto de haver ainda mais alguns nomes que não terão sido contabilizados porque a informação disponível sobre esses eleitores suscitava dúvidas, quer ao nível do nome, que não estaria completo, da morada ou do número de telemóvel. Fonte do CDS garantiu ao PÚBLICO que o caso, detectado na semana passada, dias antes das eleições, foi entretanto remetido para a secretaria-geral do CDS, que deu conhecimento do caso à sua homóloga no PSD.

A candidatura de Cecília Meireles admite que esta situação possa já ter ocorrido em anteriores actos eleitorais e chama a atenção para a circunstância de a Junta de Freguesia de Olival ter sido presidida entre 2005 e 2013 por Fernando Barbosa, eleito no sábado presidente da distrital do CDS-Porto.

Contacto pelo PÚBLICO, Fernando Barbosa, que disse acreditar na sua vitória desde o início, afirmou desconhecer o caso dos militantes com dupla filiação partidária envolvidos nestas eleições, frisou que a comparação dos nomes só se pode fazer cruzando os dados e que isso só é possível tendo acesso aos cadernos eleitorais do outro partido. “Não sei se é muita gente ou pouca, não tenho acesso aos cadernos eleitorais dos outros partidos”, disse, sem mais considerações.

O antigo secretário-geral adjunto do partido, José Gargliadini Graça, que integra o movimento Alternativa e Responsabilidade, liderado por Filipe Anacoreta Correia, pede que sejam apuradas responsabilidades tanto do lado CDS, como do PSD.

Já Domingos Sousa Coutinho, recém-eleito para a direcção da distrital e membro do Alternativa e Responsabilidade, coloca a tónica nas “violações graves do dever de imparcialidade da parte da secretária-geral", que ocorreram ao longo do processo eleitoral, numa alusão às trapalhadas que envolveram a Federação dos Trabalhadores Democratas-Cristãos e a Juventude Popular de Gaia.

A TEM, tendência interna do partido, pediu entretanto uma “investigação exaustiva” às eleições no CDS/Porto e à posterior demissão do dirigente Henrique Campos Cunha.

A eleição de Fernando Barbosa, que obteve 979 votos, representa uma derrota para a líder do partido, Assunção Cristas, que viu a sua vice-presidente, Cecília Meireles, perder estas eleições, apesar de ter vencido em onze concelhos. Num distrito com cerca de 6500 militantes, o novo líder distrital teve uma vitória de cerca de 60%.

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