Ministro pede mais empenho no combate ao abandono de alunos no ensino superior

Estudo da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência mostra que há 15 mil alunos, em cada ano lectivo, que desistem do ensino superior.

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Manuel Heitor considerou que os dados recolhidos pela DGEEC reflectem período de crise económica LUSA/ANTONIO COTRIM

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior desafiou nesta quarta-feira as universidades e docentes a darem mais atenção aos estudantes e combaterem as taxas de abandono escolar que, entre 2011 e 2015, chegaram aos 15 mil por ano.

Em declarações à agência Lusa no final da conferência Encontros com a Inovação em Saúde, que decorreu no Porto, Manuel Heitor comentou o estudo Situação após quatro anos dos alunos inscritos em licenciaturas de três anos, da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), que, entre outras conclusões, refere que entre 2011 e 2015 cerca de 15 mil estudantes por ano abandonaram o ensino superior.

"Temos de trabalhar mais, muito mais", enfatizou o ministro, reforçando que "aprender é um esforço" que se sabe "valer a pena" e que se as "pessoas que desistiram tiveram razões" para o fazer é preciso apostar na "diversificação do sistema de ensino".

E acrescentou: "Temos que garantir que dentro da sala de aula é dada uma atenção cuidada e um princípio de educação cada vez mais com base humanística para perceber os percursos individuais de todos os estudantes, e isto exige, indiscutivelmente, uma responsabilização crescente das instituições do ensino superior pela questão do abandono escolar".

Sobre o estudo da DGEEC que refere ainda que menos de metade dos estudantes concluiu os cursos de três anos neste período de tempo, Manuel Heitor justificou a sua publicação por sentir que só haverá "um sistema melhor com mais informação" e também por a "educação em Portugal e em qualquer parte do mundo" ser "seriamente afectada pelo contexto socioeconómico", concluindo tratarem-se de "dados afectados por um período de crise financeira".

Recomendando, por isso, "muita cautela" na análise dos dados, reiterou que tal "não pode deixar de ser um pretexto para não serem publicados", insistindo para que dentro das próprias instituições, "com o respeito total pela autonomia das instituições do ensino superior", haja "responsabilização por aquilo que é um dos flagelos das sociedades modernas".

"Nós não temos estudantes a mais, temos estudantes a menos", frisou o ministro, a quem os números do estudo "não surpreenderam", lembrando o "aumento do esforço de apoio à acção social escolar" por parte do Governo e alertando que, para além do "esforço de financiamento, para além da modernização legislativa, há uma necessidade intrínseca de reforçar a responsabilidade das instituições e dos docentes no combate ao abandono escolar a todos os níveis".

E prosseguiu: "Se queremos ter uma sociedade mais inclusiva, com mais conhecimento, temos de ter mais estudantes a entrar, mas também mais estudantes a graduar. E esse é um desafio para todos."

Confirmando que, quando o Governo fixou a meta dos 40% de jovens entre os 30 e 34 anos no Ensino Superior em 2020, já conhecia os números de abandono escolar, Manuel Heitor vincou que as "metas são visões".

"Já estamos a pôr para 2030 que seis em cada 10 jovens têm de estar no ensino superior", lembrou o ministro, argumentando "não se poderem alterar metas devido a circunstâncias" como aquelas em decorreu o estudo hoje conhecido.

 

 

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