Acusado de homicídio mantém silêncio no início do julgamento

Quem foi ao bairro da Cova da Moura tinha intenção de matar, disse um dos três jovens atingidos pelos disparos. Despacho de acusação de Ministério Público fala em desavenças entre rivais.

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Arguido é da Reboleira e é acusado de ter ido a Cova da Moura "vingar-se" Nuno Ferreira Santos

Um jovem acusado de três crimes de homicídio, dois na forma tentada, com uma pistola, em 2013, na Amadora, remeteu-se hoje ao silêncio no início do julgamento no Tribunal de Lisboa Oeste, em Sintra. 

Segundo o despacho de acusação do Ministério Público, "uma desavença entre dois indivíduos pertencentes a bairros rivais (Reboleira e Cova da Moura)" esteve na origem de agressões entre vários jovens.

"Quem foi lá [ao bairro da Cova da Moura] tinha intenção de matar", afirmou Pedro, um dos três jovens atingidos por disparos na madrugada de 14 de Outubro de 2013, perto do bar Chili, no Beco de São José. A testemunha recorda-se de ter sido o primeiro a ser atingido por disparos, mas da memória apagou-se a imagem do agressor, embora admita que tenha sido o arguido.

Jorge, actualmente com 24 anos, do grupo da Reboleira, deslocou-se ao Beco de São José e, para "vingar" alegadas agressões, efectuou sete disparos com uma pistola de 9 milímetros na direcção de vários rapazes, entre os quais estavam Pedro, Roberto e Luís. Roberto foi atingido a tiro na cabeça, num braço e numa perna, acabando por morrer no hospital pelas 21h35 desse dia.

Pedro foi transportado para o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, e depois transferido para Santa Maria, correndo "perigo de vida", mas sobreviveu com ferimentos de bala, incluindo no abdómen e na perna esquerda, e traumatismo na face.

O jovem, questionado pelo juiz presidente do colectivo, recordou que o arguido já tinha ameaçado várias vezes alguns jovens do bairro e, ao procurador da República, assegurou que Roberto "não tinha nada a ver" com a situação.

Transportado ao Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), com lesões graves no abdómen, Luís também sobreviveu. Luís contou que, quando estava com o grupo "a conversar", foram surpreendidos por uma pessoa que se aproximou "em silêncio" e disparou sem aviso, relatou. Outro jovem, que tinha estado com o grupo, mas foi para casa, disse que ouviu os disparos e quando espreitou para a rua viu "o Roberto com uma bala na cabeça".

O arguido encontra-se detido no Estabelecimento Prisional do Linhó, depois de já ter passado por Leiria, após ter sido condenado, no âmbito de outro processo, a uma pena por ofensa física qualificada e detenção de arma proibida.

O Ministério Público, com base também na arma usada na Cova da Moura, referenciada noutro processo, e nas cápsulas recuperadas das balas, acusou o arguido de um crime de homicídio qualificado, na forma consumada, e dois na forma tentada, e por um crime de detenção de arma e munições proibida.

O juiz presidente determinou a notificação de uma testemunha que faltou através da Polícia Judiciária e o julgamento prossegue a 20 de Fevereiro com a audição de mais testemunhos.

 

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