Lançada petição para proteger o Foco, no Porto

Documento é dirigido a Rui Moreira e desde o final da tarde de quinta-feira até às 14h desta sexta-feira, já tinha mais de 500 assinaturas

Signatários temem que conjunto urbanístico seja prejudicado
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Signatários temem que conjunto urbanístico seja prejudicado
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O Foco foi pensado como uma unidade urbanística na zona da Boavista Arquivo Agostinho Ricca

Desde o final da tarde de quinta-feira que está disponível na internet uma petição dirigida ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, com o objectivo de proteger o Foco, solução urbanística do arquitecto Agostinho Ricca, com João Serôdio e Magalhães Carneiro, que tem sido notícia por causa da reabilitação de um dos seus edifícios, que prevê a inserção na fachada de uma obra do artista plástico Vhils. Várias vozes manifestaram a sua preocupação pelo que esta intervenção poderia significar na salvaguarda do conjunto arquitectónico e até às 17h desta sexta-feira mais de 600 pessoas já tinham assinado a petição “Pela classificação patrimonial do Parque Residencial da Boavista”.

O primeiro signatário é o arquitecto João Luís Marques, que integrou a comissão das Comemorações do Centenário de Nascimento do Arquitecto Agostinho Ricca, assinalado em 2015, mas nem todos os que assinaram o documento são arquitectos e esse é um dos objectivos do documento que pede “a justa e urgente classificação como Património de Interesse Municipal” daquele conjunto arquitectónico e urbanístico, forme explicou ao PÚBLICO João Luís Marques. “Esta não é uma preocupação apenas de arquitectos e académicos, é possível fazer ver à cidade a importância daquele conjunto e queremos que a cidade se pronuncie”, disse. Uma nova tentativa para que o conjunto seja classificado pela Direcção-Geral do Património Cultural vai ser também desenvolvida, garante.

O texto da petição refere que a zona conhecida como Foco “constitui um testemunho ímpar de arquitectura e urbanismo modernos em Portugal”, descrevendo-o em seguida: “O centro cívico, ali construído à imagem de experiências europeias congéneres, organiza-se em torno de um amplo espaço central ajardinado e agrega programa habitacional e diferentes serviços complementares - igreja, cinema estúdio Foco, hotel, clube residencial, galerias comerciais e escritórios - sempre numa linguagem unitária, criteriosamente distribuídos e articulados pelo desenho do espaço público”. A unidade do espaço – que está, aliás, incluído na Carta do Património do Plano Director Municipal como “área de interesse urbanístico e arquitectónico” – tem sido um dos argumentos utilizados por todos os que se manifestaram contra a alteração na fachada do edifício de escritórios Santo António.

João Luís Marques diz que a petição estará disponível online pelo menos até acontecer a aguardada audiência com Rui Moreira, que foi pedida pelo International Commitee for Documentation and Conservation of Buildings, Sites and Neighbourhoods of the Modern Movement (Do.Co.Mo.Mo), depois de ter incluído o Foco nos seus alertas de “património em risco”.

A Câmara do Porto já garantiu ao PÚBLICO que o projecto licenciado pelo anterior vereador do Urbanismo, Rui Losa, está, de novo, a ser analisado, e que a imagem simulada de um trabalho de Vhils na fachada que foi divulgada por uma mediadora imobiliária “não corresponde ao que vai ser o resultado final”. Esta quinta-feira, também a proprietária do prédio, a imobiliária Atitlan Real Estate Porto Imóveis, S.A., atribuiu ao futuro trabalho de Vhils um carácter “efémero”, afirmando que a solução final está a ser estudada com a autarquia.

O arquitecto João Luís Marques diz que esse carácter “efémero” precisa de ser “esclarecido”, afirmando: “É preciso que se explique que técnica está a ser estudada para garantir que o edifício não sofre com aquilo”. O que estará previsto no projecto aprovado pelo município é a aplicação de uma monomassa, na fachada, sobre a qual seria “picada” a obra de Vhils. 

Actualizada às 17h26 com o número de assinaturas até às 17h.

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