Facebook rentabiliza Messenger com mensagens patrocinadas

Os utilizadores da aplicação vão passar a poder receber mensagens de marcas com as quais interagiram antes.

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Para além da aplicação Messenger, o Facebook é também detentor de outro serviço de mensagens instantâneas: o WhatsApp AFP/Josh Edelson

Incapaz de aumentar a quantidade de publicidade na sua rede social, o Facebook procura novas maneiras de alimentar o seu crescimento e ganhar dinheiro com outros serviços. Na semana passada, iniciou-se o envio, aos consumidores, de mensagens patrocinadas por marcas ou empresas, pelo intermédio da aplicação Messenger.

“As mensagens patrocinadas permitem às empresas que têm conversas abertas com consumidores, reavivá-las de uma maneira muito eficaz”, explicou David Marcus, vice-presidente do grupo e encarregado dos serviços de mensagens.

Estas mudanças são realizadas por bots, software automatizado que simula uma conversa como um humano, de modo a dar-lhe informação ou executar tarefas pelos consumidores. O Messenger, que abriu as suas portas aos bots na Primavera passada, conta agora com mais de 30.000.

Paralelamente, o Facebook começou na segunda-feira a fornecer ferramentas de análise aos criadores de bots para o Messenger que permitem avaliar a sua eficácia. Acreditam que dará mais motivos às empresas para os utilizar e, ao Messenger, argumentos para rentabilizar o seu intermédio.

“É necessário compreender os comportamentos e a identidade dos utilizadores”, explicou Josh Twist, responsável pelo projecto, à AFP. Por exemplo, determinar em que circunstâncias, os consumidores adicionam produtos ao seu carrinho mas não completam a compra, ou se certas abordagens funcionam melhor com mulheres ou com homens.

Spam e vida privada

O Facebook viu a sua receita subir durante dois anos, impulsionada principalmente pelo aumento da publicidade móvel que os seus 1.79 milhões de utilizadores vêem no feed de notícias, entre as publicações dos seus amigos.

De acordo com a empresa de pesquisa eMarketer, o Facebook deverá ver as suas receitas publicitárias aumentar 52%, para 26 milhões de dólares em 2016, vincando o seu lugar enquanto número dois mundial da publicidade online (com 13,3% do mercado, contra os 32,4% previstos para a Google).

No entanto, o Facebook prevê que este ritmo vá desacelerar, em parte, porque em meados de 2017 se alcançará o tecto máximo de anúncios que os utilizadores estão dispostos a tolerar o seu feed de notícias. Quando isso acontecer, a gigante norte-americana terá de encontrar novas formas de crescimento.

A rede tem feito, ela mesma, algumas incursões no comércio (com botões nas páginas de algumas empresas norte-americanas para encomendar comida ao domicílio ou comprar bilhetes de cinema).

O Facebook aposta, principalmente, na monetização de outras aplicações. O Instagram (de partilha de fotos) com 500 milhões de utilizadores é a mais avançada: aceita publicidade desde Setembro de 2015 e deverá arrecadar 1,85 milhões este ano, segundo a eMarketer.

Mas, para a BMO Capital Markets, “a monetização do Messenger e WhatsApp tem mais potencial a longo-prazo”.

A oportunidade equivale a um milhão de utilizadores para cada um destes serviços de mensagens instantâneas. Mas com a condição de evitar exageros, porque haverá retrocessos, por exemplo, se os novos desenvolvimentos forem vistos como ataques à vida privada.

O WhatsApp só há pouco tempo saiu da mira dos críticos, especialmente na Europa, depois de ter modificado, durante o Verão, as suas condições de utilização. A aplicação anunciou que estava a preparar terreno para enviar alertas úteis a instituições (em caso de utilização fraudulenta de cartões bancários ou de atrasos de aviões, por exemplo). Muitos utilizadores não gostaram da ideia de as suas informações serem partilhadas para fins publicitários

No Messenger pretende-se que as análises dos bots se limitem a informações agregadas e anónimas, com vista à protecção dos utilizadores contra o spam de empresas indesejáveis.

“Os utilizadores móveis são muito mais susceptíveis a experimentar novas aplicações que façam uma coisa muito bem – em detrimento de aplicações que tentem fazer muitas coisas razoavelmente bem”, alerta a Societé Generale, banco europeu, numa nota recente.

É de relembrar o sucesso que a aplicação Snapchat teve entre os jovens internautas, considerada por muitos especialistas como a “inimiga número um” do Facebook, que tentou comprá-la sem sucesso algumas vezes e que agora tenta clonar algumas das suas funcionalidades.

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