Forças iraquianas avançam em Mossul

Estado Islâmico levou 150 famílias para a cidade para servirem como “escudos humanos”, denuncia a ONU.

Foto
Família iraquiana abandona Mossul a partir da zona leste AFP/BULENT KILIC

As forças especiais iraquianas progrediram esta sexta-feira além dos limites urbanos de Mossul, deparando-se com uma forte resistência dos militantes do autoproclamado Estado Islâmico, disse à AFP um responsável militar. À medida que a ofensiva foi progredindo pela zona leste da cidade, os iraquianos recapturaram seis bairros.

As unidades anti-terroristas do Exército ganharam terreno no distrito de Al-Karamah, onde enfrentaram tiros e bombas lançadas pelos militantes islamitas. Para atrasar a progressão das forças no terreno, os elementos do Estado Islâmico edificaram barreiras e encheram as ruas de explosivos, segundo informações obtidas pelo Exército iraquiano.

À medida que a ofensiva se aproxima do centro da cidade – onde estão concentrados os elementos do grupo jihadista que continuam em Mossul –, os avanços vão sendo mais lentos. No início da semana, as forças iraquianas conseguiram chegar ao bairro de Gogjali – uma das portas de entrada na zona urbana da cidade.

Um membro das forças especiais disse à Reuters que a unidade anti-terrorista vai tentar avançar nos próximos dias até ao rio Tigre que atravessa o centro de Mossul. Nos últimos dois dias, os raides aéreos da coligação internacional liderada pelos EUA foram intensificados para apoiar a progressão no terreno das forças governamentais. A ONU diz que os bombardeamentos mataram quatro mulheres civis e feriu 17 num bairro na zona leste de Mossul.

O Estado Islâmico executou 50 desertores e 180 antigos funcionários governamentais iraquianos, revelou a porta-voz da ONU para os direitos humanos, Ravina Shamdasani, citada pela Reuters. Os militantes podem ter morto 200 civis em Mossul, acrescentou.

Fora da cidade, o grupo continua a espalhar o terror. Em Hammam al-Alil, a sul de Mossul, os militantes deram ordens para que os rapazes com idade acima dos 9 anos lhes sejam entregues com o provável objectivo de os incorporar nas suas fileiras, diz Shamdasani. Foi daquela cidade que o Estado Islâmico raptou 150 famílias para as levar para Mossul para servirem de “escudos humanos”.

O líder do grupo, Abu Bakr al-Baghdadi, exortou os seus seguidores a não abandonarem a cidade onde, no Verão de 2014, ele próprio declarou um “califado” dominado pelo grupo que se estendia entre o Iraque e a Síria. Desde então, foi perdendo bastante terreno e Mossul é hoje o último grande centro urbano no Iraque que o grupo ainda controla. Os serviços secretos norte-americanos calculam que no centro de Mossul se mantenham entre três a cinco mil militantes.

A cidade – que chegou a ser um importante centro comercial – tem 1,5 milhões de habitantes e são várias as organizações que temem um êxodo de grandes proporções à medida que a ofensiva vá progredindo. Quase três semanas depois do início da operação, a ONU diz que 22 mil pessoas já fugiram da cidade. 

Sugerir correcção
Ler 1 comentários