Gestão do BPI reavalia em baixa o preço das acções do banco

BPI admite saída de mil trabalhadores. Edgar Ferreira, com 2,7% do capital, renuncia à administração e abre a porta a processos judiciais.

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Artur Santos Silva é chairman do BPI Rui Farinha/NFactos

A administração do BPI, liderada por Artur Santos Silva, veio na tarde desta quinta-feira considerar a Oferta Pública de Aquisição (OPA) do Caixabank oportuna e anunciar que reviu em baixa o preço para 1,38 euros por acção. A decisão levou Edgar Alves Ferreira, do Grupo Violas, a demitir-se dos órgãos sociais do BPI e reconhece que a porta está agora aberta a possíveis acções judiciais.

No relatório enviado ao mercado, onde responde à oportunidade e à OPA voluntária do seu maior accionista, o Caixabank (com 47%), o conselho de administração do BPI diz que recalculou o valor indicativo das acções de 1,54 cêntimos para 1,38 cêntimos. Uma revisão justificada com a necessidade de ajustar o preço às novas condições que resultam da venda (de 2%) do controlo do BFA a Isabel dos Santos, a segunda maior investidor (com 21%).

Apesar de os gestores avaliarem as acções do BPI em menos 16 cêntimos, o valor continua acima da contrapartida que o CaixaBank se propõe pagar aos restantes accionistas – 1,34 cêntimos.    

No mesmo relatório, a gestão admite uma redução de 45 milhões de euros nos custos operacionais, devido a poupanças com o quadro de pessoal, que será reduzido em mil trabalhadores com reformas antecipadas e lay-offs.

Grupo Violas contesta

A posição do BPI foi já contestada por Edgar Ferreira, que representa 2,7% do capital, e que se demitiu dos órgãos sociais, por se opor ao sentido do voto dos restantes gestores.

Em comunicado o representante do grupo Violas diz que “assume a divergência profunda quanto à deliberação” da administração de considerar oportuna a OPA do grupo espanhol Caixabank. E, por esse motivo, assume que tem “a legitimidade que me advém do facto de ter sido o único administrador que não votou favoravelmente esta alienação de 2% do BFA” a Isabel dos Santos “pelo ridículo valor de 28 milhões de euros.” E “por considerar que estes actos de gestão no decorrer de uma OPA, são susceptíveis de conduzir à apreciação e responsabilização judicial dos membros deste conselho de administração”.

Edgar Ferreira concluiu que a sua análise o levou “a renunciar ao cargo de membro deste conselho de administração".

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