Furacão Matthew já fez 264 mortos e obriga a êxodo na Florida

Balanço das vítimas mortais não pára de aumentar à medida que é possível chegar ao resto do território do Haiti. Furacão aproxima-se de Miami. Barack Obama declarou o estado de emergência para os estados da Florida e da Carolina do Sul.

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O furacão Matthew, que assola as Caraíbas há quase uma semana, está a deixar um rasto de destruição e morte nas ilhas da região e começou a provocar um êxodo em massa da região costeira dos estados norte-americanos da Florida, Carolina do Sul e Carolina do Norte, onde deverá ter maior intensidade no fim-de-semana. O número de vítimas mortais já vai em 264 só no Haiti anunciou o governo.

Depois de ter descido da categoria 4 (num máximo de 5 da escala Saffir-Simpson) para a 3 na quarta-feira, o Centro Nacional de Furacões norte-americano (NHC) anunciou esta tarde (meio-dia na região) que o furacão, o mais forte dos últimos dez anos na região, voltou a aumentar de intensidade para a categoria 4, na sua rota de aproximação à Florida, a uma velocidade de cerca de 15 a 20 km/h. A essa hora já estava apenas 290 quilómetros da costa norte-americana.

Ao início da noite de quarta-feira (meia-noite de hoje em Lisboa) o furacão estava a 435 quilómetros a sudeste de Nassau, nas Bahamas com ventos a soprarem a 185 km/h acompanhados de chuvas torrenciais, e o NHC previa que chegasse muito perto da costa Este da Florida esta quinta-feira à noite. Numa conferência de imprensa em Tallahassee, o governador deste estado norte-americano avisou: “Se o Matthew atingir directamente a Florida, a destruição pode ser catastrófica e precisamos estar preparados.”

Além das quatro vítimas mortais na República Dominicana, no Haiti a contagem oficial vai em 264 mortos à medida que é possível começar a chegar às zonas mais afectadas da ilha. Os dois países dividem a ilha de Hispaniola e do lado do Haiti a tempestade devastou a região sudoeste do país: ondas gigantescas arrastaram barcos e toneladas de lixo para as estradas costeiras e muitas vilas, aldeias e cidades ficaram submersas.

Só na cidade costeira de Roche-a-Bateaux, no sudeste da ilha, morreram 50 pessoas atingidas por árvores, ou objectos e lixo trazidos pelo vento ou ainda afogadas na corrente. "Nunca vi nada assim", admitiu o autarca local Louis Paul Raphael citado pela Reuters. O deputado eleito pela região sul, Ostin Pierre-Louis, contou à AFP que toda a costa sul do Haiti, desde a cidade de Cayes até Tiburon foi devastada".

Numa reunião com uma equipa da ONU que prepara o plano de ajuda de emergência ao Haiti, as autoridades disseram que na região, onde habitam mais de 700 mil pessoas, cerca de 80% das casas ficaram danificadas, e há pelo menos 11 mil pessoas que ficaram em abrigos por terem perdido tudo. Para além das falhas nas comunicações, também os acessos rodoviários foram atingidos. A principal ponte que liga a península sudoeste ao resto do país ficou destruída, impossibilitando a ajuda e até uma análise dos danos.

O Haiti é o país mais pobre do continente americano e a situação tem-se agravado desde 2010 quando um gigantesco terramoto matou mais de 200 mil pessoas e deixou o país quase em ruínas. Dezenas de milhares de pessoas ainda vivem em tendas e haverá pelo menos 350 mil pessoas a precisar de ajuda urgente, estima o Governo. Para além do ressurgimento de casos de cólera, que começam a ser sinalizados no país. O Haiti tem andado a adiar sucessivamente eleições presidenciais que estavam agora marcadas para o próximo domingo, dia 9, mas também já foram desmarcadas devido ao mau tempo.

Em Cuba, apesar de tudo e pelo que se sabe até agora, a passagem do Matthew terá provocado apenas danos materiais. Mas não foram poucos: na turística cidade de Baracoa, considerada a mais antiga do país, há muitas casas sem tecto ou algumas paredes, muros por terra, as ruas estão cheias de vigas de madeira, telhas, cabos de electricidade e árvores arrancadas. “As casas coloniais do centro da cidade [um símbolo nos postais turísticos] ficaram destruídas”, contou à AFP Quirenia Peres, uma dona-de-casa de 35 anos.

Às 2h desta quinta-feira (7h em Lisboa), o furacão estava a 160 quilómetros a sudeste de Nassau, a capital das Bahamas onde os serviços públicos excepto hospitais foram encerrados, tendo acontecido o mesmo em New Providence and Grand Bahama, e os habitantes avisados para se deslocarem para as zonas altas.

O Matthew está a cerca de 450 quilómetros da estância balnear de West Palm Beach, na Florida e a pouco mais de 350 de Miami. Habituados às tempestades tropicais, os habitantes daquele estado apressam a preparação para receber o furacão: estão a ser distribuídos sacos de areia, foram retiradas portagens e outras estruturas altas desmontáveis e abertos os refúgios.

As zonas previstas de passagem do Matthew estão a ser obrigatoriamente evacuadas e até a marinha americana mandou recolher navios e aviões. O Presidente Obama pediu à população daqueles estados que tenham “cuidado” e o governador instou os habitantes a viajarem para outros estados: “Se puderem partir, façam-no imediatamente.”

A população está a responder à letra e o trânsito já está caótico em algumas estradas principais da Florida, Geórgia, e Carolina do Sul e do Norte. As estações de serviço ficaram sem combustível e as prateleiras das lojas vazias. “Temos que nos preparar para o impacto directo do furacão. Se isso acontecer, a destruição será de um nível catastrófico”, avisou o governador Rick Scott. Foi decretado o estado de emergência naqueles quatro estados permitindo que seja mobilizada a Guarda Nacional – já estão 500 elementos na Florida -, e que possam receber mantimentos das autoridades. 

Ao todo, há 12 milhões de pessoas nos Estados Unidos que podem ser afectadas pelo mau tempo causado pela passagem do furacão Matthew mas nas zonas mais críticas da rota do furacao serão cerca de dois milhões - que as autoridades aconselham a que deixem as suas casas e procurem alojamento temporário noutra região. O presidente norte-americano, Barack Obama, accionou o estado de emergência para os estados da Flórida e da Carolina do Sul numa altura em que o furacão se aproxima dos EUA. com M.L e agências

maria.lopes@publico.pt

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