Moscovo já começou a julgar suspeitos da morte de Boris Nemtsov

Há cinco suspeitos no banco dos réus, mas o tchetcheno que se crê ter mandado matar o antigo vice-primeiro ministro russo continua a monte.

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Os cinco suspeitos da morte de Boris Nemtsov na primeira audiência do julgamento AFP/VASILY MAXIMOV

O processo contra os presumíveis assassinos do antigo vice-primeiro-ministro e opositor do regime russo Boris Nemtsov, assassinado a dois passos do Kremlin, em 2015, começou esta segunda-feira em Moscovo. No banco dos réus estão Zaour Dadaïev, Chadid e Anzor Goubachev, Bemirlan Esterkhanov e Khamzat Bakhaïev, originários das repúblicas russas da Tchetchénia e da Inguchétia.

Os cinco homens compareceram perante o juiz sob a vigilância de polícias armados, numa sessão marcada pela enorme afluência de jornalistas, diplomatas e activistas dos direitos humanos, relatou a AFP.

A morte do antigo membro da aliança liberal, a 27 de Fevereiro de 2015, fez parte de um “plano meticulosamente preparado”, afirmou a procuradora Maria Semenenko na sua declaração inicial nesta primeira audiência do julgamento. “Ofereceram-lhes 15 milhões de rublos [cerca de 213 mil euros] para matar Nemtsov", adiantou a procuradora.

Para preparar este assassinato, compraram dois apartamentos, um carro e armas, revelou Semenenko, assegurando que tem provas da culpabilidade dos cinco suspeitos. Mas, tal como o inquérito falhou em identificar os motivos do crime, também aquele que se crê ser o seu mentor permanece em parte incerta. As suspeitas recaem sobre Rouslan Moukhoudinov, um tchecheno identificado pelos investigadores em Dezembro do ano passado, que continua a ser procurado pela polícia. Já os arguidos foram presos em Dezembro passado e todos se declararam inocentes.

Várias figuras próximas de Boris Nemtsov acusaram os aliados do dirigente tchetcheno (e antigo membro do movimento independentista da Tchetchénia) Ramzan Kadyrov de ser o mandante do crime.

Inicialmente, os investigadores assumiram estar a seguir uma “pista islamista”, devido ao apoio público de Nemtsov ao Charlie Hebdo, na sequência do ataque dos dois terroristas islâmicos que mataram 12 pessoas na redacção do jornal satírico francês em Janeiro de 2015. Porém, em Junho, as autoridades russas vieram anunciar que esta pista tinha sido “totalmente excluída”.

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