BPI com lucros de 106 milhões no primeiro semestre

O presidente do BPI, Fernando Ulrich, considera António Domingues “o português melhor capacitado” para liderar a Caixa Geral de Depósitos (CGD).

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AG do BPI ficou suspensa até Setembro PÚBLICO/Arquivo

No primeiro semestre deste ano, os lucros consolidados do BPI cifraram-se em 105,9 milhões de euros, mais 39,1% do que o apurado no mesmo período do exercício anterior. Na apresentação das contas semestrais, o presidente, Fernando Ulrich, informou que o quadro de pessoal do banco vai sofrer até final de 2016 uma redução de 321 colaboradores, a maioria por reformas antecipadas.

Para os lucros semestrais consolidados do BPI, de 105,9 milhões, contribuiu não só a actividade doméstica, com 24,5 milhões, mas sobretudo as operações internacionais, com 81,4 milhões. O Banco de Fomento de Angola (detido em 50,1% pelo BPI) ajudou com 79,1 milhões e o moçambicano BCI (onde o BPI tem 30%) com a restante parcela. O resultado operacional melhorou 3,7%, atingindo 262,9 milhões. O ROE (rentabilidade do capital investido) consolidado situou-se em 9,1%, enquanto o custo do risco de crédito baixou de 0,64% para 0,33%.

No quadro do ajustamento que está em curso, vão deixar o BPI, ao longo de 2016, 321 colaboradores, 252 dois quais através de reformas antecipadas. O quadro de pessoal ficará então com 5578 trabalhadores. O processo de reformas antecipadas já obrigou à contabilização nas contas do primeiro semestre de um custo extraordinário de 46,6 milhões de euros.

Instado a comentar que impacto terá no banco o adiamento para Setembro da votação em assembleia geral da desblindagem dos estatutos, uma condição de sucesso da Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pelo Caixabank, o maior accionista, Fernando Ulrich observou que “o futuro do BPI é bom”. E aconselhou  a distinguir “dois planos”: a relação do banco com os clientes, com os fornecedores e os credores; o processo accionista que passa, entre outros temas “complexos”, pela OPA e pela desblindagem. Este segundo plano não afecta o primeiro e até hoje “nunca perturbou a gestão do banco e o relacionamento com os clientes”. Na vida do BPI “não faltam episódios que atraem a atenção dos jornais e apesar disso o banco ficou imperturbável”, evidenciou Ulrich.

Confrontado com a fraca rentabilidade do banco em Portugal e inquirido se este tem condições para resistir à venda de 50,1% do BFA (como exige o BCE), o banqueiro respondeu: "O BPI tem o seu próprio caminho e sem o BFA é perfeitamente sustentável". E lembrou que o BPI foi “o único” banco que pagou ao Estado antecipadamente o empréstimo de CoCos e que “não precisou de Angola para o fazer". “A Unitel [a operadora de Isabel dos Santos com 49,9% do BFA] é um parceiro de negócio do BFA, como em Portugal é o CaixaBank e a Allianz.” E referiu que a holding de Isabel dos Santos, a Santoro (com 21% do BPI), "em Portugal está noutro patamar. É um investidor financeiro do BPI. Está num plano diferente do CaixaBank”.

A ida para a CGD do ex-vice-presidente BPI, que foi conhecida em Março, mereceu de Fernando Ulrich elogios: “António Domingues é o português melhor capacitado para desempenhar as funções que vai ocupar” à frente do maior banco do sistema e que é detido pelo Estado.  

A partir do momento em que aceitou o convite para presidir à CGD, António Domingues “deixou de participar activamente na vida do banco no BPI”, garantiu Fernando Ulrich. A resposta surgiu ao ser inquirido sobre se Ulrich “se sentia confortável” com o facto de o seu ex-vice-presidente apenas ter renunciado formalmente ao BPI em Junho, apesar de estar a preparar o plano de recapitalização da CGD. Ulrich não vê problema no facto e avisou que iria reagir à questão com violência, como, aliás, se veio a verificar. E acabou a classificar a pergunta de “uma acusação implícita ou explícita”, sem “sentido nenhum”. 

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