Caixa Geral de Depósitos com prejuízo de 74,2 milhões

Banco público teve o pior resultado entre as maiores instituições financeiras

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A Caixa Geral de Depósitos tem a área de seguros à venda Pedro Cunha

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou um prejuízo de 74,2 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, juntando-se assim ao Montepio (-19,8 milhões) no grupo das instituições financeiras com resultados negativos no início do ano (tanto o BPI como o BCP e o Santander tiveram lucros).

 Desta forma, a CGD foi o banco, entre os maiores, com piores resultados no primeiro trimestre. O valor agora registado compara com lucro de 2,1 milhões em idêntico período do ano passado.

 O prejuízo do banco público seria maior sem o contributo dos negócios internacionais que, somados, deram um lucro de 40 milhões. Aqui, destacam-se Macau, Moçambique, França e Espanha.

 Em vésperas de conhecer um novo conselho de administração, que será liderado por António Domingues (até aqui vice-presidente do BPI), a CGD refere que as contas foram afectadas, entre outros factores, pelo impacto nas operações financeiras “do clima de instabilidade nos mercados” e pelo “aumento da aversão ao risco” .

Por outro lado, a margem financeira do banco do Estado cresceu 9,8% para 282 milhões, com as poupanças no custo de financiamento a compensarem o desafio das baixas taxas de juro e redução dos juros das operações activas.

O produto bancário fixou-se em 305,6 milhões de euros, o que representa “uma redução de 196,3 milhões de euros face ao trimestre homólogo de 2015, fortemente influenciado pela variação de -191,2 milhões de euros nos resultados de operações financeiras”.

Com os depósitos a crescer e a atingir os 73.458 milhões de euros, o rácio de transformação da instituição está agora nos 88,5%, reflectindo, diz o banco, “a forte capacidade de captação de recursos da CGD, bem como a ainda limitada recuperação da procura de crédito em Portugal”.

 Ao nível das provisões e imparidades, estas atingiram os 84,2 milhões, o que, mesmo assim, é uma melhoria (-25%) face a idêntico período do ano passado.

Uma vez que ainda não conseguiu reembolsar os 900 milhões de euros emprestados pelo Estado (via capital contingente, ou Coco’s), a CGD continua com um problema por resolver, e que tem vindo a pesar nas contas. Só nos três primeiros meses, os CoCo representaram um custo de 20 milhões de euros ao banco público. 

Entre Março de 2015 e Março de 2016, o banco público reduziu o quadro de pessoal em 529 funcionários (para 8370 trabalhadores) e havia menos 36 agências (existindo agora 732) em Portugal.

Grande parte dos trabalhadores que saíram do banco, recorreram ao Plano Horizonte, um programa de reformas antecipadas da CGD lançado em 2015, que atraiu mais de 1000 funcionários (mas nem todos as candidaturas voluntárias foram aceites pela administração). As restantes saídas dizem respeito a processos normais de reformas.

 

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