Da Rússia ao terrorismo do Estado Islâmico, a NATO reorganiza os seus inimigos

Aliança Atlântica prepara cimeira de Varsóvia, onde será revelado o novo batalhão de resposta rápida na Europa de Leste.

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O norueguês Jens Stoltenberg, secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) AFP

Nunca a atenção e os esforços da NATO estiveram tão espalhados pelo mundo e isso coloca novos desafios, não só económicos mas operacionais, explicou o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Jens Stoltenberg, ao apresentar a agenda com os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países-membros, quinta e sexta-feira, em Bruxelas, em preparação da cimeira de Varsóvia.

No coração da NATO, são enormes as pressões dos países bálticos, da Europa Central e de Leste para reforçar as medidas de dissuasão da Rússia, que nos últimos anos modernizou o seu Exército e se tem mostrado bastante mais agressiva, como o provam a anexação da península da Crimeia, que era território ucraniano, e a intervenção na guerra civil síria, pelo lado do Presidente Assad. O resultado foi o compromisso dos Estados Unidos de quadruplicar o seu investimento no reforço da sua presença do Leste da Europa.

Esse reforço inclui a criação de uma força de resposta rápida, da dimensão de um batalhão. “Será uma força multinacional, e essa é uma característica fundamental”, sublinhou Stoltenberg. “Dessa forma envia-se uma mensagem muito importante: se um país for atacado, é como se todos o fossem”, frisou o norueguês. Mas nada está ainda decidido quanto à sua composição nem estrutura de comando. Será um tema na agenda dos ministros dos 28 países da NATO – aos quais o Montenegro se está agora a juntar – e algo a finalizar para a cimeira de Varsóvia qu etem lugar a 8 e 9 de Julho.

Se a questão da segurança a Leste ganhou uma nova actualidade para a NATO – ainda que Stoltenberg não se canse se frisar que lidera uma “aliança defensiva” – outros problemas que se desenrolam no palco mundial solicitam cada vez mais a sua atenção. As crises do terrorismo e dos refugiados e migrantes no Mediterrâneo suscitaram o desejo de um crescente aprofundamento da cooperação com a União Europeia. “Projectar estabilidade” é o lema.

“Temos de estar presentes na Europa e ao mesmo tempo lidar com as novas ameaças que vêm do Sul, como o Estado Islâmico (EI) e o terrorismo. Por isso estamos a levar a cabo a primeira grande adaptação da nossa missão”, disse o secretário-geral da NATO. “Temos de ter maior prontidão de resposta, e daí o aumento de financiamento dos EUA, e temos de nos preparar para combater o EI e, ao mesmo tempo, manter os compromissos com o Afeganistão.”

Dentro desse contexto está também o esforço para apoiar o novo Governo de unidade nacional na Líbia, com apoio das Nações Unidas. “Não estamos a contemplar quaisquer operações de combate ou intervenções militares. Falei recentemente com o primeiro-ministro líbio, o que estamos a ver é de que forma podemos contribuir na área de construção de instituições”, frisou Jens Stoltenberg.

Manter compromissos de longo prazo para construir instituições é também o que a NATO procura no Afeganistão. Por isso um dos objectivos é prolongar até 2020 o financiamento da polícia afegã – só está garantido até 2017. “Isto é uma importante medida para garantir confiança”, explicou o embaixador dos EUA na NATO, Douglas Lute.

A jornalista viajou a convite da NATO

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