Criador do poster Hope diz que Obama se calou de mais durante a presidência

Numa intervenção no museu de Los Angeles, Shepard Fairey criticou “silêncios” do Presidente norte-americano.

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Shepard Fairey junto do cartaz Hope Jewel SAMAD/AFP

Shepard Fairey, o autor do cartaz que se tornou o símbolo gráfico da campanha de Barack Obama nas eleições presidenciais de 2008, acha que o Presidente norte-americano se calou vezes demasiadas no decorrer dos seus dois mandatos, nomeadamente em relação a alguns dos temas mais controversos da sua agenda.

“Esforcei-me verdadeiramente [na campanha para a eleição de Obama], por isso depositei nele grandes esperanças”, disse o artista plástico, sábado, no decorrer de uma gala no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles.

“Penso que ele próprio terá provavelmente ficado muito frustrado com aquilo que encontrou. Acredito que a História vai ser amável para com a sua presidência, mas eu preferiria que as coisas tivessem avançado mais na direcção que ele traçou durante a campanha”, acrescentou Fairey, segundo o jornal The Guardian, sem no entanto especificar a que temas se estava a referir.

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SHEPARD FAIREY

Shepard Fairey, que na sequência da popularidade conquistada pelo seu cartaz Hope se tornou numa referência mediática da street art e das artes gráficas no mundo, sendo já amplamente conhecido no sector antes disso, admitiu que Obama se mostrou “mais expansivo nos últimos 18 meses”. “Acredito que ele fez coisas boas, e disse coisas importantes; mas, há seis anos acreditei que ele poderia fazer mais”, acrescentou o artista plástico, que em Janeiro de 2009, mês da tomada de posse de Obama como primeiro Presidente negro dos Estados Unidos, viu o seu trabalho do novo inquilino da Casa Branca ser adquirido para a galeria dos retratos dos Presidentes americanos pelo Museu Smithsonian, em Washington.

Na sua intervenção no museu de Los Angeles, Fairey admitiu que o Congresso dos EUA foi, por diversas vezes, um entrave para a acção do Presidente. Mas, “se ele tivesse sido tão firme como o foi durante a sua campanha, mostrar-me-ia agora mais condescendente com o facto de ele não ter sido capaz de aprovar algumas das leis mais progressistas que eu esperava que aprovasse”. “[Obama] mostrou-se demasiado passivo em muitos temas, e isso foi uma pena”, disse ainda o artista, de 47 anos, que nas primárias actualmente a decorrer para os candidatos à sucessão de Obama apoia o democrata Bernie Sanders, na disputa com Hillary Clinton.

 

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