Descoberto apartamento usado por suspeito em fuga dos ataques de Paris

Impressão digital de Salah Abdeslam encontrada no local, onde havia também vestígios de explosivos e cintos que poderiam ser usados para transportar bombas.

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O apartamento em Schaerbeek foi revistado em Dezembro Emmanuel Dunand/AFP

A justiça belga confirmou nesta sexta-feira ter descoberto vestígios de explosivos e material destinado ao fabrico de bombas num apartamento na região de Bruxelas que terá sido usado por Salah Abdeslam, um dos envolvidos nos atentados em Paris que continua em fuga – a sua passagem pelo local é confirmada por uma impressão digital recolhida pelos peritos forenses.

O apartamento em Schaerbeek, comuna limítrofe da capital belga, foi revistado a 10 de Dezembro, mas a procuradoria belga só revelou a informação depois de a imprensa desta manhã ter noticiado que tinha sido localizado um dos esconderijos usados por Abdeslam após os atentados.

“A procuradoria federal confirma a descoberta de material destinado à preparação de explosivos, bem como vestígios de TATP [peróxido de acetona, um material instável usado nas bombas detonadas pelos suicidas em Paris] numa busca realizada num apartamento de terceiro andar na rua H. Bergé”, lê-se no comunicado, citado pela AFP. Os investigadores adiantam que o apartamento foi alugado, sob uma identidade falsa, por um das nove pessoas detidas preventivamente na Bélgica por suspeita de terem ajudado Abdeslam na fuga.

Dentro da residência foram igualmente descobertos “três cintos confeccionados à mão e que poderiam ser destinados a transportar explosivos, bem como uma impressão digital de Salah Abdeslam”.

Apesar de a imprensa identificar o local como um esconderijo do suspeito, citando informações de que o apartamento teria sido recentemente limpo, um porta-voz da procuradoria questionado pela agência de notícias francesa assegurou que os investigadores “não têm ideia” de quando Abdeslam ali terá estado. “Ele pode ter ido lá apanhar o cinto [antes dos ataques] ou pode ter lá estado depois. As duas hipóteses são plausíveis”, disse Eric Van Der Sypt.

Quase dois meses depois de 130 pessoas terem morrido em Paris e, apesar da mobilização de todas as polícias europeias, o suspeito continua em fuga e quase nada se sabe das razões que o levaram a fugir de Paris. Sabe-se que alugou dois dos automóveis usados para transportar os três grupos de atacantes (um dos veículos foi encontrado junto à sala de concertos Bataclan), entre eles o irmão mais velho, Brahim Abdeslam, que se fez explodir numa rua do 11º bairro depois de ter disparado contra vários cafés e restaurantes. A descoberta de um cinto de explosivos num subúrbio de Paris onde tinha sido localizado o seu telemóvel levantou a suspeita de que poderia ter renunciado a cometer um atentado.

Sabe-se apenas que telefonou a amigos para o virem buscar a Paris e que o carro em que viajava foi parado na fronteira, numa altura em que o seu nome ainda não constava na lista de procurados. Uma das pessoas em prisão preventiva garante que, a última vez que o viu foi na tarde de 14 de Novembro, quando o deixou numa rua de Schaerbeek. Igualmente em fuga estão dois homens que, meses antes dos atentados, viajaram com Abdeslam até à Hungria, usando identidades falsas, e que os investigadores acreditam agora que terão tido um papel central na preparação dos atentados.

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