Família Gandhi responde em tribunal por corrupção

Julgamento partiu de denúncia de dirigente de partido do primeiro-ministro Narendra Modi.

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Sonia e Rahul Gandhi, rodeados por apoiantes e segurança, ao entrarem para o tribunal Adnan Abid/REUTERS

Sonia Gandhi e o seu filho Rahul, os líderes do histórico Partido do Congresso da Índia, foram obrigados a ir a tribunal, para responder a uma acusação de corrupção, e só saíram em liberdade mediante o pagamento uma fiança de 50 mil rupias (perto de 694 euros).

“A verdade acabará por vira ao de cima. Estamos plenamente conscientes da campanha de ataques e críticas feitas pelos nossos adversários políticos”, declarou a nora da ex-primeira-ministra Indira Gandhi, depois da brevíssima audição em tribunal.

Os actuais representantes da dinastia Nehru-Gandhi, que governou a Índia durante a maior parte do tempo após a independência, em 1947, foram acusados por Subramanian Swamy, um político destacado do partido do actual primeiro-ministro, Narendra Modi, o Bharatiya Janata (nacionalista hindu), de terem usado uma empresa de fachada para controlar propriedades que valiam 300 milhões de dólares. As propriedades pertenciam à empresa que publicava o jornal National Herald, fundado em 1938 por Jawaharlal Nehru, bisavô de Rahul Gandhi e  primeiro governante da Índia independente.

O jornal foi encerrado em 2008, depois de o Partido do Congresso lhe ter concedido um empréstimo no valor de 83 mil dólares. A companhia que era proprietária do título, a Associated Journals Limited, foi transformada numa empresa de imobiliário – e Swamy diz que os Gandhi e outros membros do partido usaram fundos do Partido do Congresso de forma ilegal para comprar os activos desta empresa.

Primeiro, o Congresso, enquanto partido político, não poderia fazer empréstimos com fins comerciais, diz Swamy. E quando resgatou o valor do empréstimo, ficou, ilegalmente, com activos bem mais valiosos, acrescenta. Na verdade, para além dos Gandhi, outras figuras do Congresso estão também a responder no mesmo processo, como o ex-primeiro-ministro Manmohan Singh.

O partido de Narendra Modi nega estar implicado no caso, garantindo que Swamy fez a denúncia a título individual. Mas ainda antes de ter ganho as últimas legislativas, tinha prometido “livrar a Índia do Congresso”.

A atmosfera política indiana está altamente carregada - foram convocados 3000 polícias para garantir a segurança do julgamento - e a última semana foi particularmente agitada no Parlamento, recorda a AFP, com o Congresso a denunciar uma manipulação política por trás do processo.

“O actual Governo está a tentar atingir os seus opositores usando agências do Estado”, denunciou Sonia Gandhi, afirmando que o seu partido, com apenas 44 deputados na câmara baixa do Parlamento, de 543 assentos, vai continuar a bloquear os trabalhos parlamentares na próxima semana, quando se discute uma reforma do sistema fiscal que há muito vem sendo adiada.

 

 

 

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