UE prepara-se para suspender sanções contra Lukashenko

O Presidente da Bielorrússia, "o último ditador da Europa", parece estar a querer aproximar-se da esfera da UE e a cortar com a Rússia. Bruxelas pensa dar-lhe uma chance – temporária.

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Lukashenko governa há 21 anos a Bielorrússia SERGEI SUPINSKY/AFP

A União Europeia está disposta a levantar as sanções contra a Bielorrússia e o seu Presidente, Alexander Lukashenko, considerado o último ditador da Europa, durante quatro meses após as eleições presidenciais de domingo, diz a agência Reuters, citando fontes diplomáticas.

A decisão deverá ser finalizada na segunda-feira pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos Vinte e Oito, após três semanas de difíceis conversações sobre como reagir ao perdão dado por Lukashenko em Agosto a seis prisioneiros políticos e por ter sido o anfitrião das negociações de paz da Ucrânia em Fevereiro. E, numa rara concessão a protestos populares, o Presidente bielorusso, no poder há 21 anos, questionou a construção de uma base área militar russa no seu país.

Estas iniciativas criaram uma percepção entre os responsáveis europeus de que Lukashenko, um aliado próximo de Vladimir Putin, está a abrir a Bielorrússia à Europa. "Tudo depende da conduta de Lukashenko nestas eleições", disse um diplomata com responsabilidades importantes. As últimas não foram nem livres nem imparciais.

Se as sanções forem levantadas, isso não deixará, no entanto, de causar estranheza – ainda na quinta-feira, a ficcionista e jornalista bielorrussa Svetlana Alexievich foi distinguida com o Nobel da Literatura, e não foi por estar alinhada com o regime.

Tratar-se-á apenas de uma suspensão temporária das sanções de que são alvo cerca de 140 figuras do regime, e o embargo às armas continuará. Não serão abrangidos quatro membros dos serviços de segurança do Presidente, suspeitos de estarem por trás dos desaparecimentos de opositores políticos.

Mas durante esses quatro meses, de Outubro a Fevereiro, as 25 empresas bielorrussas que actualmente são alvo de sanções poderão ter financiamento do Banco de Investimento Europeu e aceder aos mercados de capital europeus – o que significa que a Rússia deixará de ser a sua única fonte de financiamento.

Poderá ser o início de uma nova fase na diplomacia da UE, que aposta menos em pregar valores do que ir à procura de parceiros. Seria uma reformulação da vertente Leste da Política Europeia de Vizinhança, lançada em 2003.

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