Deutsche Bank tenta recuperar imagem com nova liderança

Escândalos como o da participação na manipulação da Libor contribuíram para que o banco fosse forçado a apresentar um novo CEO.

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Anshu Jain e Juergen Fitschen eram co-CEO do Deutsche Bank REUTERS/Kai Pfaffenbach

Depois do Barclays, do UBS e do Credit Suisse, o Deutsche Bank tornou-se este Domingo no mais recente banco europeu a mudar de liderança na sequência das dificuldades que tem vindo a atravessar desde o início da crise financeira.

Anshu Jain e Juergen Fitschen, que têm sido os dois co-CEO da instituição financeira alemã apresentaram a sua demissão ao conselho de supervisão e irão ser substituídos pelo britânico John Cryan, que está no banco desde 2013.

A instabilidade no Deutsche Bank tem sido grande nos últimos meses. O banco, que tem uma forte presença em todo o Mundo, tem estado debaixo dos holofotes internacionais devido a questões de natureza legal e regulatória. Em particular, tem sido difícil para a instituição recuperar a sua imagem depois da mancha provocada pela sua participação no escândalo de manipulação da taxa de juro Libor. O Deutsche Bank foi a entidade que teve de pagar uma multa mais elevada pelo seu papel no caso.

Numa tentativa de recuperar a confiança de investidores e clientes, Jain e Fitschen tinham apresentado há apenas duas semanas uma reformulação do plano estratégico do Deutsche Bank. No entanto, o projecto não foi recebido com entusiasmo pelos mercados, que consideraram as mudanças insuficientes e tardias.

Para além disto, os dois líderes tinham questões de ordem individual que tornavam a sua situação ainda mais frágil. O britânico de origem indiana Anshu Jain, que foi escolhido em 2012, por causa do papel fundamental nos lucros que a divisão de banca de investimento que liderava tinha no Deutsche Bank, é olhado com muito mais desconfiança, agora que é precisamente dessa área que vêm os casos que afectam a imagem da instituição.

O alemão Juergen Fitschen, que tinha como principal tarefa fazer a ligação com os accionistas domésticos, enfrenta problemas legais fora do banco, relacionados com o grupo de comunicação social Kirch.

Perante este cenário, John Cryan, que pertencia ao conselho de supervisão irá substituir Anshu Jain a 30 de Junho e passará, no final deste ano, a ser o único CEO, quando FItschen abandonar o cargo.

Nos mercados, no entanto, subsistem muitas dúvidas sobre se esta mudança na liderança será o suficiente para recuperar a confiança no Deutsche Bank. A instituição enfrenta desafios importantes nos próximos tempos. Para além da questão da imagem, nomeadamente ao nível da banca de investimento, há incertezas em relação à sua rendibilidade na Alemanha devido, por exemplo, às exigências crescentes ao nível dos aumentos salariais.

Para além disso, poucos esperam que John Cryan apresente desde já mudanças muito significativas na estratégia que foi apresentada recentemente. Até porque, o próprio terá desempenhado já um papel importante na sua definição. A pressão irá manter-se contudo para que a liderança agora lançada possa constituir, de facto, um novo ponto de partida para o banco.

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