Adeus à velha Inglaterra

Pela Rainha, que Boorman quis deixar como “testamento” cinematográfico, é a “sequela” tardia de um dos seus melhores filmes, Esperança e Glória.

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Talvez o melhor elogio que se possa fazer ao britânico John Boorman seja este: aqui está um cineasta que se esteve sempre a borrifar para as expectativas e para uma qualquer deriva “autoral”, preferindo seguir a sua inspiração onde quer que ela a levasse.

Pela Rainha

, que Boorman quis de algum modo deixar como “testamento” cinematográfico, é a “sequela” tardia de um dos seus melhores filmes,

Esperança e Glória

(1987), que ficcionava de modo desarmante a sua infância durante a II Guerra Mundial. O novo filme retoma a história uma década depois, quando o “alter ego” do realizador cumpre o serviço militar, e mantém o tom afectuoso com que olha para os momentos de descoberta (de uma identidade, de uma personalidade).

Mas, apesar do humor com que diz adeus a uma “velha Inglaterra” à beira das convulsões dos swinging sixties, Pela Rainha não consegue passar para o espectador a mesma emoção de Esperança e Glória; parece tolhido por uma dimensão de picaresco castrense da qual Boorman nunca se consegue libertar e que minimiza o que o cineasta quis atingir.

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