O futebol inglês nunca valeu tanto dinheiro

Venda dos direitos televisivos da Premier League atingiu valor histórico de 6925 milhões de euros para o período 2016-2019.

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A televisão e o futebol inglês, uma história de amor com muito dinheiro à mistura Phil Noble/Reuters

Houve bolsos a ficar muito mais recheados e o tilintar foi ensurdecedor, mas não é para menos porque os direitos televisivos do futebol inglês valem ouro. Um novo contrato, válido para as três temporadas de 2016-17 a 2018-19, estabeleceu um recorde histórico: as operadoras Sky e BT vão pagar 5136 milhões de libras (6925 milhões de euros) à Premier League pela transmissão em directo para o Reino Unido de 168 partidas por época, num total de 504 encontros.

A título de comparação, este montante dava para comprar 12 submarinos iguais aos Arpão e Tridente, que o Estado adquiriu em 2004. Ou que cobria 88% do valor que o Governo prevê transferir para o Serviço Nacional de Saúde durante 2015.

O futebol inglês nunca tinha sido tão valioso. “[Se o valor é obsceno?] Acho que não. É a lei do mercado. [O futebol] é acção sem um guião, é um espectáculo protagonizado pelos clubes. As pessoas querem ver as estrelas, basta notarmos o entusiasmo em torno do dia do encerramento do mercado de transferências”, sublinhou o director-executivo da Liga inglesa, Richard Scudamore, embora tenha admitido a surpresa pela magnitude do valor.

O montante acordado para o período entre 2016 e 2019 representa um aumento na ordem dos 70% em relação ao contrato anterior, que se tinha cifrado num montante ligeiramente acima dos 3000 milhões de libras (4043 milhões de euros). A Sky adquiriu 378 partidas pelas quais pagará 4176 milhões de libras (5631 milhões de euros) e a BT ficou com 126 jogos por 960 milhões de libras (1294 milhões de euros). Em média, cada encontro transmitido pelas duas operadoras custará 13,7 milhões de euros, enquanto no acordo anterior (2013-2016) esse valor rondava os 8,8 milhões-jogo. Havia quem perspectivasse que serão os subscritores dos canais a suportar o custo inflaccionado da Premier League.

Em termos práticos, o novo contrato significará um maior encaixe financeiro para os 20 clubes da Liga inglesa. A fórmula de distribuição é das mais equitativas do futebol europeu (ver caixa), com cada clube a receber um valor fixo igual para todos e componentes variáveis em função do desempenho. Uma estimativa do portal Sporting Intelligence indicava que, a partir de 2016-17, o último classificado da Premier League irá receber qualquer coisa como 99 milhões de libras (133 milhões de euros). “O Burnley, agora, é economicamente maior do que o Ajax”, congratulou-se Scudamore.

“A Premier League é uma história de sucesso britânica e este contrato demonstra que o interesse pela prova é mais forte do que nunca. Porém, é importante que este acordo traga benefícios acrescidos para os clubes mais abaixo na pirâmide do futebol”, vincou a ministra britânica do Desporto, Helen Grant. A Premier League anunciou que distribuirá 161 milhões de libras (217 milhões de euros) em fundos de solidariedade para os clubes dos escalões inferiores e vai investir 168 milhões de libras (226 milhões de euros) na construção de 152 relvados artificiais.

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