O Google pode vir a tornar-se um problema para a Uber?

Desde o início da semana que se fala em concorrência entre as duas empresas nas áreas dos carros sem condutor e da partilha de viaturas.

Foto
Sergio Perez/Reuters

O Google, através da Google Ventures, tornou-se num dos maiores investidores na aplicação de serviço de táxis Uber, quando em 2013 entrou com 258 milhões de dólares (225 milhões de euros ao câmbio actual) na empresa de Travis Kalanick. Esta semana surgem informações de que as duas empresas podem vir a rivalizar no mercado dos carros sem condutor. O Google desenvolve a tecnologia desde 2010. A Uber anunciou esta semana que tem planos para investir na área. Serviços de partilha de viaturas semelhantes podem vir a adensar a concorrência.

A empresa criada em 2009 tem-se expandido mundialmente a uma velocidade considerável e a sua aplicação é considerada uma das mais bem-sucedidas dos últimos tempos - uma avaliação feita no final de 2014 indicou que tem um valor de mercado acima dos 32 mil milhões de euros. Mas o sucesso da aplicação móvel, que fornece um serviço semelhante ao de uma central de táxis, tem sofrido alguns obstáculos judiciais em algumas das mais de 250 cidades onde opera. A empresa tem vindo a ser acusada de concorrência desleal, violação das regras de transportes e de que os motoristas não dão garantias de segurança ao utilizador da aplicação.

Mas talvez o maior obstáculo para a Uber tenha surgido agora. Aquele que era um investidor, e um dos mais importantes até aqui, o Google — além do investimento, o responsável pelo departamento legal da empresa, David Drummond, passou mesmo a integrar a direcção da Uber em 2013 — pode estar a preparar-se para lançar um serviço semelhante ao da empresa presidida por Travis Kalanick.

A Bloomberg Business avançou esta semana que o Google está a preparar um serviço de "boleia", “muito provavelmente em conjunto com o seu longo projecto em desenvolvimento de carro sem condutor”. Segundo o site, terá sido o próprio David Drummond a informar a Uber sobre a possibilidade, tendo sido mostrado a elementos da direcção da empresa imagens daquela que será uma aplicação móvel do Google para um serviço de partilha de viaturas e que está a ser testada pelos funcionários da empresa californiana.

Uma fonte próxima da direcção da Uber adiantou à Bloomberg Business que, após o incidente, a empresa está a ponderar a saída ou não de Drummond da direcção da Uber.

Na segunda-feira, a Uber anunciou uma parceria estratégica com a Universidade Carnegie Mellon para a criação do Centro de Tecnologias Avançadas Uber, em Pittsburgh, Estados Unidos, que se irá centrar no desenvolvimento das “áreas de mapeamento e segurança de veículos e de tecnologia de autonomia”. O objectivo é criar uma frota de táxis autónomos, segundo avançou o site TechCrunch.

Aos pedidos de comentário à notícia da Bloomberg Business, o Google tem respondido com um tweet. “Consideramos que vai verificar que a Uber e a Lyft funcionam muito bem. Nós usamo-las o tempo todo", escreve a empresa. A Lyft é uma aplicação de partilha de viaturas, concorrente da Uber.

O Wall Street Journal cita, por sua vez, uma fonte próxima do processo, que diz que a possibilidade de o Google ter desenvolvido uma aplicação móvel foi avançada “fora de proporção”. A mesma fonte indicou ao jornal que um engenheiro do Google tem estado a testar uma aplicação interna que ajuda os funcionários do Google a encontrar boleia para o trabalho mas que a aplicação não está associada ao programa da empresa de carros sem condutor.

Numa entrevista, em Dezembro, ao Wall Street Journal, o director do projecto Self-Driving Car do Google, Chris Urmson, indicou que a empresa não está interessada em fabricar as suas próprias viaturas mas em tentar encontrar um parceiro com contactos com fabricantes de automóveis no sentido de comercializar um carro com a marca da empresa dentro de cinco anos.

Sugerir correcção
Comentar