Mentor de sequestro e morte de jovens israelitas condenado a prisão perpétua

O palestiniano Hussam Kawasme foi considerado culpado de orquestrar a execução de três israelitas a mando do Hamas, em Junho do ano passado.

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Kawasme foi também condenado a indemnizar as famílias das vítimas Ronen Zvulun/Reuters

Um tribunal de Israel condenou a três penas de prisão perpétua o palestiniano acusado de ter orquestrado o sequestro e a execução de três adolescentes israelitas em Junho do ano passado, na Cisjordânia. A morte dos três jovens marcou o início de uma escalada de violência que levou à mais mortífera operação do Exército de Israel na Faixa de Gaza nos últimos anos.

O palestiniano Hussam Kawasme, de 40 anos, foi considerado culpado de 11 crimes na semana passada, mas a sentença só foi anunciada nesta terça-feira.

Para além das três penas de prisão perpétua, Kawasme terá de pagar a cada uma das famílias dos jovens israelitas um valor equivalente a 53.000 euros. O palestiniano foi considerado culpado de cumplicidade em homicídio premeditado; participação num grupo que cometeu homicídio voluntário; fazer entrar em Israel fundos de organizações inimigas; cumprir ordens ditadas pelo Hamas; tráfico de armas; obstrução à justiça; e dar abrigo a indivíduos procurados pela Justiça israelita.

As autoridades militares israelitas – que conduziram a acusação – dizem que Hussam Kawasme confessou todos os crimes de que foi acusado.

O tribunal deu como provado que o palestiniano recebeu o equivalente a 43.000 euros do Hamas, com os quais terá comprado as armas usadas por Amar Abu Aysha e Marwan Kawasme para matarem Naftali Frenkel, Gilad Shaar (ambos de 16 anos) e Eyal Yifrach (de 19 anos), três jovens israelitas que foram sequestrados quando esperavam por uma boleia no caminho entre Jerusalém e Hebron.

Os corpos dos três rapazes foram encontrados 18 dias depois, a 30 de Junho, mas por essa altura já as forças israelitas tinham detido mais de quatro centenas de palestinianos na Cisjordânia.

Os dois homens que as autoridades de Israel acreditam serem os autores materiais do homicídio dos três jovens israelitas, Amar Abu Aysha e Marwan Kawasme, foram mortos numa troca de tiros em Setembro, em Hebron. Hussam Kawasme, condenado nesta terça-feira a três penas de prisão perpétua, foi detido no dia 11 de Julho.

Três dias depois de terem sido encontrados os corpos dos jovens israelitas, o adolescente palestiniano Mohammad Abu Khdeir, de 16 anos, foi espancado e queimado vivo, num acto de retaliação. Três suspeitos estão ainda a ser julgados em Israel – o alegado mentor do grupo, Yusef Haim Ben-David, de 29 anos, alega insanidade mas poderá ser condenado a prisão perpétua se for considerado culpado; os outros dois, ambos menores, confessaram terem sequestrado o jovem palestiniano, mas negam a acusação de homicídio, responsabilizando unicamente o mais velho do grupo.

Depois destes homicídios, das detenções por parte das forças israelitas e do lançamento de rockets a partir da Faixa de Gaza, o Exército de Israel lançou uma operação que durou 50 dias e fez 2192 mortos do lado palestiniano e 72 do lado israelita, segundo os números das Nações Unidas, entre os quais 1523 civis palestinianos (519 crianças), cinco israelitas e um tailandês.

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