Novo Governo ucraniano inclui três tecnocratas naturalizados

Parlamento aprovou criação de ministério para combater propaganda russa sobre o conflito no Leste.

Iatseniuk vai continuar como primeiro-ministro
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Iatseniuk vai continuar como primeiro-ministro Valentyn Ogirenko / Reuters
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Soldado ucraniano perto do aeroporto de Donetsk Anatolii Stepanov / AFP

Quase nove meses depois da queda do ex-Presidente, Viktor Ianukovich, a Ucrânia volta a ter um Governo com legitimidade eleitoral. O parlamento aprovou esta terça-feira o novo Executivo com a missão de recuperar uma economia em queda livre e de fazer valer as tréguas no Leste do país.

Entre as novidades do próximo Governo – que irá continuar a ser liderado por Arseni Iatseniuk – está a nomeação de três ministros estrangeiros a quem, horas antes, foi concedida a nacionalidade ucraniana. A importante pasta das Finanças ficará a cargo de Natalie Jaresko, uma norte-americana com origens ucranianas, que exerceu vários cargos no Departamento de Estado dos EUA e foi uma das fundadoras da Horizon Capital, um fundo de investimento que trabalha na Europa de Leste.

As primeiras palavras que dirigiu ao Parlamento foram para revelar que o orçamento será entregue até 20 de Dezembro e que a luta contra a corrupção será uma das prioridades, segundo escreve o jornal Kyiv Post.

Na Saúde ficou Alexander Kvitashvili, ex-ministro do Trabalho na Geórgia e formado nos Estados Unidos. Aivaras Abromavicius, nascido na Lituânia, irá liderar o Ministério da Economia, depois de ter estudado na Estónia e nos EUA e de ter trabalhado para uma empresa de investimentos sueca.

A opção de incluir estrangeiros no governo foi criticada pelos deputados do Bloco da Oposição – o partido que reúne os políticos conotados com Ianukovich e com o extinto Partido das Regiões. “Não percebemos porque não foram encontrados dez candidatos a ministros entre os 300 deputados da coligação governamental ou, ainda mais, entre os 40 milhões de habitantes na Ucrânia”, afirmou o líder, Iuri Boiko.

Mas mesmo entre os deputados da coligação que apoia o governo houve alguns desentendimentos na altura da votação, que teve que ser repetida, de acordo com a Reuters.

Iatseniuk não escondeu que “2015 será ainda mais difícil que o ano actual”. “Estamos preparados para as reformas mais radicais, duras e efectivas”, acrescentou o primeiro-ministro. A economia ucraniana deverá cair 9% até ao final do ano e a moeda perdeu metade do valor desde Janeiro. Em cima da mesa está um pacote de resgate de 21 mil milhões de euros, para além de um crédito de 13 mil milhões concedido pelo Fundo Monetário Internacional, que tem insistido na implementação de reformas económicas profundas.

Num conflito que também tem sido de propaganda, o novo Governo ucraniano irá contar com um Ministério para a Política de Informação, que os críticos têm apelidado de Ministério da Verdade por causa dos ecos orwellianos do organismo. A missão do novo ministério, que será liderado por um antigo produtor do canal de televisão detido pelo Presidente Petro Poroshenko, é combater o fluxo informativo dos canais estatais russos, muito populares no Leste do país. À porta do Parlamento, cerca de 40 jornalistas protestaram contra a criação do ministério, que receiam vir a institucionalizar a prática da censura.

 

 

 

 

 
Nas pastas dos Negócios Estrangeiros e da Defesa foram reconduzidos Pavlo Klimkin e Stepan Poltorak, respectivamente, o que indicia que a política em relação ao conflito com os grupos separatistas pró-russos no Leste irá manter-se.

Esta terça-feira foi noticiada a assinatura de um acordo de cessar-fogo para vigorar na região de Lugansk, mediado pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e em que esteve presente um general russo, diz a BBC. Porém, os combates mantêm-se na zona do aeroporto de Donetsk, local que tem sido o foco principal da violência nos últimos três meses. O conflito já fez mais de 4300 mortos desde Abril.

   

 
 

 

 

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