Primeiro-ministro de Taiwan demite-se após derrota

Eleições locais vistas como referendo às relações com a China. Venceram os críticos da aproximação entre Taipé e Pequim.

O primeiro-ministro Jiang Yi-huah anunciou a sua demissão após a derrota nas eleições locais
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O primeiro-ministro Jiang Yi-huah anunciou a sua demissão após a derrota nas eleições locais Minshen Lin/Reuters
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Ko Wen-je, o novo presidente da câmara de Taipé SAM YEH/AFP

As eleições eram locais, com mais de 20 mil candidatos a competir por mais de 11 lugares em nove níveis de governo, descreve a BBC. Mas as eleições estavam a ser vistas como um referendo à política de aproximação à China defendida pelo partido no poder, o Kuomintang. E a sua derrota teve assim consequências imediatas: a demissão do primeiro-ministro, Jiang Yi-huah.

Um candidato independente apoiado pela oposição, Ko Wen-je, será o próximo presidente da câmara da capital, Taipé. Os primeiros-ministros de Taiwan passaram até agora sempre primeiro pela presidência da câmara da capital, e o cargo era há 16 anos ocupado por políticos do partido do Governo.

“Lamento não ter vencido estas eleições”, disse Jiang. A dimensão da derrota foi maior do que o antecipado.

A oposição diz que as relações entre Taiwan e a China – que se separaram desde o final de uma guerra civil em 1949 – estão demasiado próximas. Temem que a colaboração económica se aprofunde e que isto deixe Taiwan vulnerável a uma tentativa de reunificação de Pequim, que vê o país como uma província que se deveria juntar à China.

O Governo do Kuomintang defendia que Taiwan precisa de manter boas relações com o vizinho todo-poderoso justamente para que possa crescer economicamente.

Em Março, milhares de jovens ocuparam o Parlamento em protesto contra um projecto de acordo de comércio com Pequim. O acordo não foi ratificado. Seis anos de aproximação levados a cabo pelo Kuomintang resultaram em 21 acordos China-Taiwan.

Apoiantes de Ko festejaram ruidosamente a vitória perto da sua sede de campanha. Aos apoiantes, Ko disse que a sua eleição simbolizava o “desejo de progresso” entre os habitantes de Taipé.

Mas se muitos ficam contentes por ver mudar a política de aproximação à China, muitos outros temem o contrário, em caso de vitória do partido Partido Democrático Progressista (DPP) nas legislativas ou presidenciais de 2016: a oposição defende mesmo a tentativa de uma independência formal da China, algo que Pequim recusa e que levaria certamente a uma degradação das relações.

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