Belmiro de Azevedo poderá controlar mais de 90% da Sonae Indústria após aumento de capital

Accionistas que não subscreverem novas acções podem ver diluída a sua participação até 99,1%.

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Belmiro de Azevedo, presidente da Sonae Indústria

O período de subscrição do aumento de capital da Sonae Indústria, no montante de 150 milhões de euros, a realizar a um cêntimo por acção, arranca na próxima segunda-feira, dia 11, e termina a 24 de Novembro, devendo implicar uma alteração substancial na estrutura accionista da empresa.

A Efanor, holding pessoal de Belmiro de Azevedo (que através da Sonae SGPS detém o PÚBLICO), controla 51% do capital social da empresa de aglomerados e já se comprometeu a subscrever o correspondente à participação que detém actualmente.

Entretanto, se os restantes accionistas não acompanharem o aumento de capital, exercendo os respectivos direitos de preferência, verão a sua participação diluída até cerca de 99,1%, alerta a empresa nas condições de subscrição divulgadas nesta terça-feira. A diluição da participação dos actuais accionistas decorre da emissão de 15 mil milhões de novos títulos, sem valor nominal, passando o total de acções representativas do capital social para 15.140.000.000.

O prospecto adianta ainda que “na eventualidade de o aumento de capital não ser integralmente subscrito no âmbito da oferta e da colocação institucional, a Efanor poderá vir a controlar mais de 90% do capital social e dos direitos de voto da Sonae Indústria”,  o que lhe confere, entre outros, o poder de fazer aprovar alterações aos estatutos do emitente e de fazer aprovar em assembleia geral um pedido de perda de qualidade de sociedade aberta sem dependência dos votos favoráveis dos demais accionistas.

A Sonae Indústria informa que não celebrou contrato de tomada firme ou de garantia de colocação das novas acções, pelo que, no caso de a oferta não ser totalmente subscrita, o aumento de capital está sujeito ao regime da subscrição incompleta, ficando limitado às subscrições recolhidas.

Adianta, no entanto, que foi celebrado com os coordenadores globais da oferta um contrato de colocação institucional que tem por objecto a colocação, junto de investidores institucionais em regime de melhores esforços, das novas acções que eventualmente não venham a ser subscritas da operação.

O prospecto da operação, que também se destina ao público em geral no que não for subscrito pelos accionistas, explica que o aumento de capital se destina a reduzir o endividamento e a financiar o plano estratégico em curso. O documento contém um conjunto de alertas para a delicada situação financeira da empresa e para riscos decorrentes da reestruturação em curso.

Entre a informação destacada está o facto de o balanço da Sonae Indústria evidenciar, no final do primeiro semestre de 2014, um activo total de 1228 milhões de euros, capitais próprios incluindo interesses minoritários de 89 milhões de euros, e um passivo de 1139 milhões de euros.

As acções negociadas até esta quinta-feira (6 de Novembro), inclusive, garantem direitos de participação no aumento de capital. E os direitos de subscrição são negociáveis em bolsa entre o dia 11 e o dia 19 de Novembro.

As novas acções não subscritas pelos accionistas da Sonae Indústria ou pelos detentores de direitos serão objecto de rateio pelos respectivos titulares de direitos que tenham declarado a intenção de subscrever uma quantidade superior.

As ordens de subscrição do público em geral serão satisfeitas unicamente após satisfação das ordens de subscrição dos accionistas da Sonae Indústria e dos detentores de direitos de subscrição e dos respectivos pedidos de subscrição adicional em rateio.

As ordens de subscrição podem ser revogadas até cinco dias antes do termo do prazo da oferta, passando a irrevogáveis a partir do dia 19 de Novembro de 2014, inclusive.

As acções da Sonae indústria fecharam nesta terça-feira a oito cêntimos, depois de terem acumulado uma queda de 78% nas duas últimas sessões.

A Sonae Indústria tem em curso um programa de reestruturação, que já implicou a venda de várias unidades industriais na Europa. No primeiro semestre, a empresa reportou um resultado negativo de 38 milhões de euros e um volume de negócios de 589 milhões de euros.

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