Festival Sudoeste com mais dias e melhor música

Um quarto dia de concertos, maior segurança no recinto e um dos cartazes mais consistentes dos últimos anos são as grandes novidades da 6ª edição do maior festival de Verão em Portugal

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Público

António Viana, o presidente da junta de freguesia da Zambujeira do Mar, não tem mãos a medir sempre que os primeiros dias de Agosto anunciam a chegada à pequena aldeia alentejana do Festival Sudoeste, o maior e o mais concorrido de todos os grandes eventos de Verão em Portugal, cuja sexta edição arranca hoje e se prolonga até domingo.

Para além do trabalho diário que mantém no restaurante "Rita", ponto de encontro obrigatório para quem passe pelo centro da Zambujeira, o presidente da junta vê-se e deseja-se para acorrer às inúmeras solicitações da imprensa e de todos quantos se lhe dirigem para a resolução dos pequenos-grandes problemas que inevitavelmente acontecem nestas ocasiões.

"As pessoas pensam que esta é a época mais aguardada do ano para todos nós, mas esta é sobretudo uma época que queremos que passe o mais rápido possível, por causa da confusão toda que há por aí", refere António Viana. "É pessoal a mais para o que nós podemos receber, mesmo que as coisas estejam melhores de ano para ano. Ainda vamos a meio da semana, o festival ainda não começou, hoje também é dia de abalada de muitas pessoas, mas já se vê muita malta nova por aqui".

O mesmo diz Álvaro Covões, da produtora do festival Música no Coração, que descreve desde o recinto o "ambiente de festa" que já se vivia nas vésperas do arranque do Sudoeste. "O parque de campismo abriu ontem [anteontem] e já dormiram aqui muitas pessoas, surpreendidas por encontrarem uma série de áreas e serviços a funcionar 24h por dia. Está muito calor, está a chegar muita gente e não param de chegar. Vai ser assim até sexta-feira à noite, o dia da grande romaria".

25 mil ao Sol

Covões destaca como principais novidades na edição deste ano do Sudoeste o facto do palco principal passar de três para quatro dias de concertos e o incremento da segurança na zona reservada ao campismo, "que está toda vedada e onde desta vez só têm acesso os campistas". "No ano passado houve meia dúzia de roubos, nada de muito grave. Mas ficámos alertados para isso e tentámos resolver o problema desta forma. Agora, quem vier cá só para tentar fazer disparates não entra".

De resto, as 25 mil pessoas esperadas este ano no recinto não são nem de mais, nem de menos. "São o número ideal", diz Covões, isto num festival cuja principal aposta vai no sentido da consolidação. "O nosso objectivo já não é termos cada vez mais público, isso para nós é assunto encerrado. Apenas tentamos melhorar as condições do festival e que cada edição, dentro do possível, seja melhor que a anterior. Apostamos sobretudo na consolidação, que é, aliás, o que se passa em qualquer grande festival da Europa, de Glanstonbury a Reading".

Preparado para qualquer eventualidade está também o contingente da GNR destacado para o festival, constituído por um total de 65 homens e monitorizado desde Vila Nova de Milfontes pelo respectivo comandante de destacamento, o alferes Reis. As preocupações, assegura o responsável, são as do costume: "A grande preocupação é o fluxo de trânsito e o facto de as pessoas, talvez por falta de informação, trazerem muitas vezes grandes quantidades de dinheiro, o que normalmente se traduz num aumento de furtos. É preciso que as pessoas saibam que este ano vai haver caixas automáticas no recinto, e que por isso escusam de trazer muito dinheiro consigo".

Melhores acessos, recinto relvado, parque de estacionamento ampliado, mais chuveiros e casas de banho, secção de perdidos e achados, posto da Cruz Vermelha e autocarros gratuitos entre a área do festival, a Zambujeira do Mar e a praia do Almograve são as restantes serviços garantidos pela organização.

Enfardar para o Guiness

Para além das novidades já referidas, a 6ª edição do Sudoeste prima por apresentar um dos cartazes mais consistentes que passaram nos últimos anos pelos festivais de Verão em Portugal. A juntar ao crescimento da participação portuguesa nos quatro palcos espalhados pelo recinto (os Zöe são o mais recente reforço, substituindo à última hora o nipónico Cornelius), assinalem-se as estreias absolutas dos britânicos Beta Band, Belle & Sebastian, Black Rebel Motorcycle Club, The Electric Soft Parade, Chemical Brothers e Paul Oakenfold, lado a lado com a anunciada consagração de repetentes de nome feito como os Air, Alanis Morissette, Peter Murphy, Muse e The Cure. Música, grande música, para todos os gostos e feitios, quase toda ela por conta da sempre invejável armada britânica. Para ajudar à festa, não faltará sequer um palco Optimus instalado em pleno parque de campismo, onde os aspirantes a músicos e demais "wannabes" portugueses serão reis e senhores.

E como nem só de música vive um festival, o habitual circo de "roulottes" de comes e bebes, desportos mais ou menos radicais e tendas de artesanato de trazer por casa também marcará presença no recinto. Isto já para não falar do mega-pequeno-almoço que será servido entre as 10h e as 12h de domingo, aberto a todos e a mais alguns, mesmo àqueles que não são portadores de bilhete para o festival. O objectivo é servir 25 mil pessoas e garantir com isso a entrada do Sudoeste para o Guiness, feito que envolve qualquer coisa como 10 km de toalhas, 30 mil taças, 10 mil litros de leite e 35 mil embalagens de cereais. Alguém falou em protector solar?

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