O envolvimento da comunidade local é uma das preocupações da MTI, que já apresentou as linhas gerais do projecto ao executivo municipal de Torre de Moncorvo. Neste momento, e com a apoio da autarquia, a empresa está a preparar uma apresentação à população, a realizar no início do próximo ano.
Na fase de concessão experimental, a MTI comprometeu-se com o Governo a investir 12 milhões de euros, depositando uma caução de 1,2 milhões que perderá a favor do Estado se não cumprir o contrato, o que implica também o abandono da área objecto da concessão.
Depois de elaborados os estudos necessários, e convencidas as autoridades ambientais, o avanço para a exploração de minério daquela que é apresentada como um das maiores reservadas de ferro da Europa, os investimentos serão avultados. Numa "estimativa grosseira", avançada pelo presidente executivo da MTI, o investimento deverá ascender a 600 milhões de euros. Este montante fica abaixo dos mil milhões que chegaram a ser falados quando a Rio Tinto esteve a negociar com o Governo a reactivação das minas de Torres de Moncorvo - de que acabaria por desistir por razões que não são conhecidas.
Preferência por mineroduto
Do total do investimento estimado, um fatia de 200 milhões de euros poderá destinar-se à construção de um mineroduto, ligando o concelho de Trás-os-Montes ao porto de Aveiro. Vítor Correia salvaguarda que a questão do transporte do minério ainda está em estudo e que, nessa perspectiva, há outras soluções em cima da mesa, nomeadamente o transporte ferroviário e fluvial. No entanto, o gestor não esconde que a opção pelo mineroduto, muito utilizado em explorações mineiras no Brasil, é a solução que menos riscos ambientais apresenta. O minério é transportado, sob a forma de lamas, por um canal, em tudo semelhante ao transporte de gás nos gaseodutos, mas sem os riscos associados ao gás, já que não tem pressão.
O transporte ferroviário é o menos provável, especialmente pelo custo de investimento de entrada, explicou o gestor, acrescentando que o modo fluvial, não estando excluído, obriga a um posterior reencaminhamento para o porto de Aveiro, já que o de Leixões não tem profundidade para a atracagem de grandes navios mineraleiros.
Vítor Correia explica que, na ausência de uma siderurgia em Portugal que possa absorver a produção estimada de Moncorvo - três milhões de toneladas de concentrado por ano -, o minério deverá seguir, para tratamento final, para um destino que seja próximo do cliente final. Das estimativas actuais de investimento faz também parte uma fatia de 200 milhões de euros para construção de uma lavaria, com vista a primeira beneficiação do minério e os restantes 200 milhões serão realizados noutras componentes do projecto.
A MTI, cujos accionistas não são públicos, admite que a dimensão do investimento obriga a empresa a procurar parceiros, que podem ser de capital ou industriais, como era o caso da Rio Tinto. Vítor Correia diz que ainda é muito cedo para falar sobre esta matéria, até porque podem estar em causa várias soluções, como a dispersão do capital em bolsa, uma prática corrente neste tipo de investimento.