O computador de 25 dólares para ensinar crianças a programar

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O Raspberry Pi tem o temanho de um cartão de crédito Raspberry Pi

Tecnicamente, é um computador, embora não seja aquilo em que normalmente se pensa quando se ouve a palavra. O Raspberry Pi, que começa agora a ser comercializado, é uma placa do tamanho de um cartão de crédito e custa 25 dólares.

Por trás do projecto está um grupo de investigadores de Inglaterra que criaram uma instituição de caridade para fomentar a aprendizagem de programação informática por parte de crianças.

Os primeiros modelos, que têm gerado expectativa entre alguns entusiastas, foram nesta sexta-feira entregues numa escola inglesa. As unidades para quem fez as primeiras pré-encomendas começarão a ser enviadas no fim-de-semana e devem chegar aos compradores no final da próxima semana.

O Raspberry Pi pode ser ligado a uma televisão ou a um monitor de computador e a periféricos como um rato e teclado. Há dois modelos: um custa 25 dólares (19 euros), o outro 35 (37 euros) aos quais acresce IVA. O modelo mais caro tem duas portas USB (em vez de apenas uma) e uma entrada para um cabo de rede. Ambos têm 256MB de RAM. O processador ARM é uma unidade que normalmente equipa telemóveis e que os responsáveis dizem ter escolhido por razões de custo e desempenho.

Um cartão de memória SD não está incluído nas unidades vendidas, mas é necessário para o funcionamento do aparelho. É neste cartão que terá de ser instalado o sistema operativo. Há três versões de Linux diferentes que podem ser descarregadas no site do Raspberry Pi e usadas para pôr o computador a funcionar. É possível comprar, à parte, cartões já com o sistema operativo pré-instalado.

O projecto nasceu em 2006, quando investigadores do Laboratório de Computadores da Universidade de Cambridge começaram a ficar preocupados com o grande número de alunos na área das ciências da computação que tinha poucas competências em programação informática.

As causas, diagnosticaram, são várias: os currículos de ensino escolar focados em programas como o Word e o Excel e no desenho de páginas Web; o fim da bolha dotcom; e os PC e consolas modernos, diferentes dos antigos Commodore e Spectrum que fomentavam mais a programação informática.

“Não afirmamos ter todas as respostas. Não achamos que o Raspberry Pi é uma solução para todos os problemas do mundo relacionados com computadores; acreditamos que pode ser um catalisador. Queremos ver computadores baratos, acessíveis e programáveis em todo o lado; encorajamos outras empresas a clonar o que estamos a fazer”, escreveu o grupo no site do projecto.

Os computadores podem ser obtidos por compradores em qualquer parte do mundo e vai também estar disponível uma opção de comprar um computador e oferecer outro, por exemplo, a uma escola ou criança.

A ideia de computadores baratos para uso infantil já tem vários anos. Ficou conhecido o programa One Laptop per Child, ainda em curso e lançado pelo responsável pelo Laboratório de Media do MIT, Nicholas Negroponte. A iniciativa é diferente do Raspberry Pi por não se centrar em programação informática, mas em dar ferramentas funcionais a crianças em países não desenvolvidos.

Com sucessivos atrasos e problemas de custo, o One Laptop per Child não foi bem sucedido. A ideia acabou por ser adoptada pela Intel, que criou o computador que veio a dar origem ao Magalhães.

Notícia actualizada às 19h46

Clarificado que, apesar de vários problemas, a iniciativa OLPC continua em curso.


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