Birmânia liberta presos políticos de primeiro plano

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Ex-primeiro-ministro Khin Nyunt sorri após a sua libertação Foto: James YeAungThu/Reuters

A Birmânia libertou nesta sexta-feira vários presos políticos de primeiro plano, uma iniciativa que surge na sequência de uma amnistia reclamada pela comunidade internacional como prova da honestidade das reformas do novo regime. A oposição já saudou a decisão.

Diversos líderes do levantamento estudantil de 1988, cuja repressão fez três mil vítimas mortais, foram desta vez amnistiados – as libertações nos últimos meses nunca os incluíram.

No plano político, Khin Nyunt, ex-primeiro-ministro, também foi libertado. Tinha sido afastado do poder em 2004, preso e condenado no ano seguinte a 44 anos de prisão domiciliária por corrupção.

A Liga Nacional para a Democracia, de Aung San Suu Kyi (opositora e Nobel da Paz), saudou de imediato esta terceira amnistia desde Outubro passado. “É um sinal positivo para todo o mundo”, afirmou o porta-voz Nyan Win.

Esta amnistia terá abrangido um total de 651 presos e tem como objectivo “a reconciliação nacional”, escreve o jornal New Light of Myanmar.

Cessar-fogo

Por outro lado, segundo foi anunciado nesta quinta-feira, o regime birmanês assinou formalmente um acordo de cessar-fogo com os rebeldes da União Nacional Karen, na esteira de negociações feitas em Hpa-an, cidade capital do estado de Karen, abrindo caminho à passagem segura em ambos os territórios.

Há mais de 60 anos que o braço armado dos Karen – grupo étnico minoritário no país, com cerca de 20 milhões de pessoas (7% da população) no território Leste da Birmânia – lutava pela conquista de maior autonomia. Eram o único grande grupo rebelde que não tinha ainda firmado acordos de cessar-fogo com o regime, depois de os líderes militares birmaneses terem já negociado com sucesso com 17 outros grupos separatistas desde 1989.

Os esforços do regime para pôr fim a este conflito com os Karen fazem parte de uma mais larga iniciativa do Governo birmanês – civil, mas com o apoio dos militares, e empossado em Novembro de 2010 com as primeiras eleições no país em 20 anos – que visa dar resposta a uma das principais exigências das potências ocidentais, de pacificação, para serem levantadas as sanções a que a Birmânia foi submetida.

Notícia actualizada às 8h32
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