Deputados britânicos rejeitam 90 dias de prisão preventiva para suspeitos de terrorismo

Foto
O Partido Conservador pede agora a demissão de Tony Blair Christian Hartmann/EPA

Os deputados britânicos rejeitaram hoje elevar para 90 dias o tempo de prisão preventiva para suspeitos de terrorismo detidos sem acusação formada, tornando-se esta a maior derrota parlamentar sofrida pelo primeiro-ministro, Tony Blair, desde que foi eleito para o cargo em 1997.

O projecto de lei antiterrorista defendido por Blair recebeu o voto contra de 322 deputados e a favor de 291, enquanto trinta outros parlamentares se decidiram pela abstenção. Até aqui, a prisão preventiva era limitada a 14 dias no Reino Unido, mas os deputados optaram pela defesa de um período máximo de 28 dias quando se trata de suspeitos de actos terroristas.

De acordo com os canais de televisão britânicos, pelo menos 40 deputados trabalhistas (partido de Blair) entre 354 rejeitaram a proposta de elevar para 90 o número de dias para que um suspeito permaneça em prisão preventiva sem que lhe seja dirigida uma acusação.

Antes da votação, Blair insistiu junto dos deputados para que adoptassem a proposta, sustentando que se trata de uma medida reclamada pela polícia, após os atentados terroristas de 7 de Julho último. “Não vivemos num Estado policial mas vivemos num Estado que enfrentou uma ameaça real e grave de terrorismo”, disse aos deputados, a quem apelou ainda para que “mostrassem o seu sentido de responsabilidade” e “apoiassem a polícia”.

Este resultado é tido como mais um factor de peso para fragilizar politicamente primeiro-ministro britânico, por várias vezes questionado sobre a perda da sua autoridade política e já decidido a não bater-se por um quarto mandato na chefia do Governo.

Conhecida a decisão dos deputados, o líder do Partido Conservador (oposição), Michael Howard, afirmou que Blair deveria considerar a sua demissão, defendendo que a autoridade do primeiro-ministro foi “diminuída quase até ao ponto de desaparecer”. “Esta votação mostra que não tem mais capacidade para liderar o seu partido. Deve reconsiderar a sua posição”, argumentou Howard.

Apesar de 40 dos deputados eleitos pelo seu partido terem rejeitado a proposta e o Partido Conservador exigir a sua demissão, Blair garante que não irá abandonar o seu cargo. Questionado pelo canal de televisão britânico Sky News se propostas como as que vai apresentar para áreas como a Saúde, Educação ou Segurança Social estariam em risco a partir de agora, o chefe de Governo disse que não espera derrotas nessas matérias, sublinhando que a maioria dos trabalhistas apoiam a suas políticas.

Sugerir correcção
Comentar