“A União Europeia não fixa só metas para o défice”, diz Costa

Secretário-geral do PS compromete-se a atingir taxa de 40% de jovens entre 30 e 34 anos com formação superior e a “devolver a paz” ao ensino no “início da próxima legislatura”.

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António Costa Rui Gaudêncio

Para António Costa há uma meta europeia mais importante que a do défice ou da dívida e com a qual se comprometeu a cumprir logo no “início da próxima legislatura”. Num auditório do Museu de História Natural e da Ciência, o secretário-geral do PS definiu ontem a educação como o sector onde vai concentrar as suas prioridades e até o empenho dos seus primeiros dias de governo, caso venha a ser eleito primeiro-ministro. Entre estas a de atingir o objectivo de inscrito no documento Europa 2020, de somar nesse anos, 40% de pessoas entre os 30 e 34 com formação superior.

Após um debate sobre “Qualificações”, o líder do PS assumiu quatro “matérias essenciais” que, na realidade, foram compromissos eleitorais. A primeira – para a qual defendeu um “acordo de concertação social estratégico” a firmar “no início da próxima legislatura” – foi a de “estabilizar a escola, deixá-la respirar e devolver-lhe paz".

Fez mesmo referência ao “trauma dos educadores”, provocado pelas mudanças no sector: "Os últimos anos, em vários governos - é preciso reconhecê-lo - têm sido traumáticos para a escola. Sou casado com uma ex-educadora vítima precisamente do stress a que os agentes educativos têm estado sujeitos nos últimos anos. Não é possível melhorar a qualidade da aprendizagem e mobilizar a comunidade educativa e as famílias sem que exista paz e tranquilidade nas escolas", frisou o líder socialista.

Tranquilidade necessária, precisou depois, para trabalhar nas restantes “prioridades”. A “prioridade das prioridades”, situou-a no básico e pré-escolar, onde assumiu o compromisso  da aposta da “igualdade” e “melhoria da qualidade”, mas também onde definiu a “linha vermelha” em relação ao actual Governo: "Recusaremos liminarmente a ideia de antecipar para o básico as diferenciações vocacionais, porque, sobretudo numa idade precoce, representa prolongar na sociedade de forma duradoura fraturas sociais", afirmou. "Custa-me que, 40 anos depois do 25 de Abril, se tente voltar ao período anterior à reforma de 1973. Esse é um retrocesso que não podemos aceitar e que temos de fazer uma muralha, uma linha vermelha sobre a qual não é possível transigir", disse, antes de equiparar essa política ao passado que existia em Portugal “antes da reforma educativa de 1973”.

António Costa centrou a prioridade seguinte na educação dos adultos. Depois de acusar o Executivo de Pedro Passos Coelho de ter “morto” o programa Novas Oportunidades “em vez de o corrigir ou melhorar”, o líder socialiata classificou essa meta como um “dever de cidadania” para com aqueles que não haviam tido as oportunidades que os mais jovens tinham disfrutado.

A meta final tinha, finalmente, a ver com as metas europeias. Para “modernizar o tecido empresarial e a administração pública” portuguesa, Costa propôs-se a cumprir os tais 40% do programa Europa 2020.

Isto apesar do ex-secretário de Estado, Pedro Lourtie, ter dito minutos antes que “dificilmente lá chegaremos”, à conta do decréscimo na taxa de acesso ao ensino superior verificado desde 2011.

Através do “desenvolvimento do ensino superior”, apostando no “aumento dos estudantes do ensino superior”, preconizou Costa. Mas com a ressalva de pretender “recuperar os que, já não sendo jovens”, ainda tinham algo para dar. Aproveitando as inúmeras universidades e politécnicos existentes, que preferiu encarar como uma “oportunidade” e não uma dificuldade.

“Estas são verdadeiramente as metas europeias”, rematou Costa, já depois de ter criticado uma frase da chanceler alemã Angela Merkel sobre Portugal: "É falso que Portugal tenha licenciados a mais. Portugal tem é empregos qualificados a menos."

Uma frase com que o socialista tentou marcar a diferença em relação a Passos Coelho, opondo à “estratégia de empobrecimento” deste, a sua ideia de um país a “evoluir com base na qualificação”. Porque, frisou por mais de uma vez, o falhanço na qualificação, significaria a médio prazo o falhanço no crescimento capaz de consolidar as finanças públicas.

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