VW norte-americana sabia desde 2014 que emissões não respeitavam os limites

O responsável da Volkswagen nos Estados Unidos admitiu que tinha conhecimento do estudo desde a Primavera do ano passado.

Foto
Michael Horn testemunha esta quinta-feira na Comissão de Energia e Comércio da Câmara dos Representantes REUTERS/Darren Ornitz

O presidente da Volkswagen nos Estados Unidos, Michael Horn, reconheceu que sabia há ano e meio que “possivelmente” as emissões não respeitavam os limites estabelecidos pela Agência de Protecção Ambiental (APA) norte-americana.

Num testemunho disponível no site da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos e que vai ser lido nesta quinta-feira na Comissão de Energia e Comércio da câmara baixa do Congresso, Michael Horn admite que foi informado sobre o estudo da Universidade de West Virginia quando este foi publicado, na Primavera de 2014.

As declarações do presidente da construtora alemã nos EUA levantam questões sobre a forma como a Volkswagen lidou com o assunto, uma vez que passaram cerca de 18 meses desde que os seus responsáveis norte-americanos tomaram conhecimento do estudo que descobriu que os automóveis emitiam gases acima do permitido.

 “Fui informado que havia um possível incumprimento de emissões que podia ser corrigido”, escreve Horn, que também reconhece que foi informado “que os regulamentos da APA incluíam várias penalizações”. O responsável para o mercado norte-americano diz ainda que recebeu informações de que os “engenheiros da empresa iriam trabalhar com as agências [governamentais] para resolver o problema”.

Ao descrever a situação como “altamente problemática”, Michael Horn recorda que mais tarde, em 2014, foi também informado de que as equipas técnicas da Volkswagen tinham “um plano específico para corrigir os veículos”, de forma a fazê-los respeitar o limite de emissões estabelecido pela APA. O responsável não refere porque é que este não foi aplicado mais cedo.

O Financial Times refere um comunicado emitido pela Volkswagen na quarta-feira no qual a empresa reforçou que Michael Horn desconhecia inicialmente que o problema resultava de um dispositivo instalado. O responsável apenas tomou conhecimento disso “nas últimas semanas”, referia o texto.

No início de Setembro, a Volkswagen reuniu-se com a autoridade ambiental da Califórnia e com a APA, encontro durante o qual revelou que os motores de quatro cilindros de veículos a diesel de modelos entre 2009 e 2015 continham um software que limitava as emissões de gases poluentes quando o automóvel se encontrava em testes de laboratório, aumentando exponencialmente a emissão em estrada.

Contenção de danos

O ministro alemão da Economia, Sigmar Gabriel, veio nesta quinta-feira a público dizer, citado pela Reuters, que a Volkswagen precisa de ser pró-activa na investigação que está a decorrer.

A maior construtora automóvel do mundo entregou na quarta-feira um documento ao regulador alemão que contém o plano delineado pela empresa para enfrentar o escândalo da manipulação de emissões que já fez derrapar cerca de 40% da capitalização em bolsa do grupo.

A Volkswagen estima que o software afecte cerca de 11 milhões de veículos da VW, Audi, Skoda e Seat a diesel em todo o mundo, mas, no plano apresentado, as versões dos motores estão sujeitas a diferentes intervenções.

Nos motores a diesel de 2.0 litros é suficiente uma alteração no software, pelo que as chamadas às oficinas vão começar em Janeiro.

Por outro lado, nas motorizações 1.6 são necessárias alterações nos motores, o que só acontecerá em Setembro 2016 e implica mais custos para a empresa. Citado pela Reuters, o ministro alemão dos Transportes, Alexander Dobrindt, afirmou que há 3,6 milhões destas viaturas em circulação.

Em Portugal, onde há cerca de 117 mil veículos afectados, as marcas do grupo germânico começaram a lançar esta semana estratégias para responder às questões dos proprietários dos automóveis.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários