Fraude nas emissões afecta 2,1 milhões de carros da Audi e 1,2 milhões da Skoda

O sistema que engana os testes está instalado em 11 milhões de automóveis a gasóleo, segundo o fabricante alemão.

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A maioria dos Audi afectados foi vendida na Europa ocidental Thomas Peter/reuters

O software para falsear os resultados dos testes de emissão de gases poluentes está instalado em 2,1 milhões de carros a gasóleo da Audi e em 1,2 milhões de automóveis Skoda, ambas marcas do Grupo Volkswagen. A multinacional já admitiu que o problema afecta um total de 11 milhões de veículos.

No caso da Audi, os motores fraudulentos são usados num leque vasto de modelos, que inclui os Audi A1, A3, A4, A5, A6, TT, Q3 e Q5, de acordo com um porta-voz da empresa, ouvido pela agência Reuters. Cerca de 1,4 milhões destes carros foram vendidos na Europa ocidental. Na Alemanha, onde o grupo tem sede, a marca identificou 577 mil automóveis. Nos EUA, onde o escândalo começou, há 13 mil veículos equipados com o software, que leva os caros a emitirem menos gases quando estão a ser examinados. A Skoda não deu pormenores sobre os carros diesel afectados. 

Na sexta-feira, o fabricante alemão tinha já avançado que o sistema estava instalado em cinco milhões de carros da marca Volkswagen, incluindo modelos do Golf e Passat. Os restantes 2,7 milhões deverão assim ser modelos da espanhola Seat, uma outra subsidiária do grupo, que já na semana passada, em resposta a relatos da imprensa, admitiu ter usado os motores fraudulentos nos seus carros, embora não tenha especificado em quantos.

O fabricante alemão garantiu já que vai divulgar dados específicos para cada mercado onde opera. Para além da Volkswagen, Seat e Audi, Skoda e Porsche, o grupo é também dono das marcas de luxo Bentley, Bugatti e Lamborghini, cujas vendas são residuais por comparação.

Segundo a Reuters, o grupo suspendeu os responsáveis pela investigação e desenvolvimento da Volkswagen, Audi e Porsche, mas a notícia não foi confirmada pela multinacional. Na semana passada, a empresa anunciou reestruturações profundas. Para além da nomeação de um novo CEO – Matthias Müller, que até então encabeçava a Porsche –  outros executivos de topo mudaram de funções. A marca Volkswagen passará ainda a ter novas estruturas regionais e o México, Canadá e EUA serão agrupados.

As mudanças nas chefias do grupo consistiram, porém, essencialmente em trocas de lugares internas. A única saída anunciada foi a demissão do ex-presidente executivo Martin Winterkorn, que afirmou desconhecer a fraude, uma versão que foi corroborada pelo conselho de supervisão do grupo. As autoridades alemãs anunciaram nesta segunda-feira estarem a investigar Winterkorn por fraude.

Há pouco mais de uma semana, as autoridades americanas identificaram 482 mil veículos com o problema, entre os quais algumas gerações do Audi A3. O escândalo alastrou-se rapidamente à Europa e mergulhou o Grupo Volkswagen na maior crise da sua história.

As acções da empresa, que enfrenta a possibilidade de multas avultadas, despesas com chamadas de carros às oficinais e danos reputacionais difíceis de quantificar, continuaram nesta segunda-feira a tendência de queda registada na semana passada. Fecharam a sessão a desvalorizar 7%, para 99,3 euros, o valor mais baixo em quase cinco anos.

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