Draghi pede “acordo forte” com a Grécia

O presidente do BCE garantiu que, apesar de melhoria da economia, não está a ser ponderado um final antecipado para o plano de compra activos da autoridade monetária.

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Mario Draghi garantiu que plano de compra de activos do BCE é para cumprir AFP/ DPA/FRANK RUMPENHORST

Um acordo capaz de pôr a economia a crescer, garantindo a justiça social, mas ao mesmo tempo também finanças públicas sustentáveis, é aquilo que Mario Draghi diz ser necessário para desbloquear o impasse que se vive nas negociações entre a Grécia e os seus credores.

Na conferência de imprensa que se seguiu a mais uma reunião do conselho de governadores, o presidente do Banco Central Europeu foi bombardeado com questões sobre a Grécia, a que foi respondendo com alguma relutância e muita prudência.

Começou por dizer que não iria falar de detalhes das negociações, que estão neste momento a decorrer, e depois repetiu insistentemente a ideia de que é preciso um “acordo forte”. E o que é um acordo forte? Para Draghi significa que o entendimento tem de ser forte “no seu desenho e na sua aplicação”.

O desenho, explicou, tem de levar em conta as preocupações de ambas as partes, isto é, por um lado, garantir o regresso ao crescimento económico com justiça social e, por outro, assegurar a sustentabilidade das finanças públicas. Em relação à implementação, o que o presidente do BCE quer é que sejam adoptadas as medidas acordadas de forma imediata.

No capítulo do crescimento, Mario Draghi revelou alguma abertura a que haja cedências ao nível do excedente orçamental primário que será exigido a Atenas, afirmando ser “apropriado” que a meta estabelecida leve em conta a recessão sofrida pela Grécia nos anos mais recentes.

O responsável máximo pela autoridade monetária europeia não quis falar sobre quais seriam as acções imediatas do BCE caso a Grécia não cumprisse o pagamento que tem agendado para esta sexta-feira ao FMI. “Vamos ver”, foi o que disse, fazendo contudo questão de lembrar que no passado já se procedeu à agregação de alguns pagamentos do mesmo país num só, o que pode significar que os 300 milhões de euros que a Grécia tem para pagar esta semana podem acabar por ficar para pagar mais para o fim do mês.

Plano inalterado
O outro tema a dominar a conferência de imprensa de Mario Draghi – que se seguiu à esperada decisão de não mexer nas taxas de juro do BCE – foi o recente desempenho da economia europeia e a possibilidade de poder haver uma mudança nas políticas de estímulo monetário que estão a ser aplicadas pelo BCE.

O banco central apresentou uma actualização das suas projecções para o PIB e para a inflação que mostraram muito poucas mudanças. A única diferença significativa foi a passagem de uma previsão de inflação zero este ano para 0,3%. Para 2016 e 2017, manteve-se os mesmos valores, que apontam para uma aproximação ao objectivo de médio prazo do BCE de uma inflação abaixo mas próxima de 2%.

Apesar de estarem mais seguros da subida da inflação este ano, os responsáveis do BCE continuam sem dar qualquer indicação de que o programa de activos lançado em Março possa ser antecipadamente suspenso.

Questionado por um jornalista se os membros do conselho de governadores já tinham discutido uma estratégia de saída do actual programa de compra de activos, Draghi respondeu “não”, mostrando-se surpreendido por se estar sequer a colocar essa possibilidade.

O presidente do BCE afirmou que as previsões de recuperação gradual do crescimento que são actualmente feitas estão dependentes da implementação completa do programa de compra de activos, que está previsto durar até Setembro de 2016. Aliás, Draghi até revelou que, ao contrário do que esperava, a economia da zona euro está a dar sinais nesta fase de não conseguir acelerar o ritmo de crescimento económico, o que é mais um motivo para manter inalterados os estímulos monetários que estão a ser oferecidos à economia.

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